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Oscar assume seu caráter político e deve premiar “Oppenheimer” neste domingo

É esperado que "Oppenheimer" leve o prêmio de Melhor Filme. (Foto: Universal/Divulgação)

Perto de completar cem anos de história, o Oscar vive um dos seus capítulos mais importantes neste domingo (10). Mais do que consagrar alguns títulos exibidos na temporada passada, a cerimônia carrega um grande caráter político, refletindo temas fundamentais no mundo hoje.

Com “Oppenheimer” e “Pobres Criaturas” dividindo o favoritismo na categoria principal, os acadêmicos escolherão entre o temor pelo engajamento em guerras que, a cada dia, envolvem mais países no xadrez geopolítico internacional e a consagração do “Me Too”, movimento feminista que, há sete anos, passou a denunciar a violência de gênero nas mais variadas formas.

A guerra entre Rússia e Ucrânia e o conflito na Palestina foram capturados pelo grande prêmio da indústria americana do cinema por meio de indicados como “Zona de Interesse”, “O Menino e a Garça”, “20 Dias em Mariupol”, “Golda: A Mulher de uma Nação”, “Napoleão”, “Resistência” e “War Is Over!”, além de “Oppenheimer”. Juntos, somam 21 nomeações.

Com exceção de “20 Dias em Mariupol”, documentário em longa-metragem que mostra os primeiros dias do ataque russo ao país vizinho, nenhum outro filme aborda diretamente as duas contendas, mas todas eles trazem questões que as cruzam, como o Holocausto, o autoritarismo, a Guerra Fria, a escalada armamentista e a busca do poder a partir da competitividade bélica.

Nesse sentido, “Oppenheimer” parece representar o medo da destruição total, de um mundo à beira do precipício, ao mesmo tempo em que se torna impossível deixar de participar dessas ações de beligerância.

Se os acadêmicos optarem por “Pobres Criaturas”, um filme fortemente feminista, o Oscar completará um movimento – iniciado em 2018 – que tem feito interna e externamente para ser mais representativo e inclusivo. Isso reverberou desde a escolha de novos integrantes da Academia aos indicados. Em 2022, Ariana DeBose se tornou a primeira atriz abertamente queer a levar a estatueta. E Michelle Yeoh foi a primeira mulher identificada como asiática a ficar com o prêmio da categoria, no ano passado. Agora, Lily Gladstone pode fazer história como a primeira nativa norte-americana a subir ao palco para buscar o troféu.

As fichas estão com “Oppenheimer”, mas uma estatueta para “Pobres Criaturas” acena, com a personagem Bella Baxter (Emma Stone), para outro tema vital, sobre mulheres vivenciando a sua liberdade e empoderamento, com amplo domínio sobre o corpo e os desejos.

Por qual dessas frentes de batalha o Oscar vai marchar?

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