Sexta-feira, 15 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 13 de setembro de 2024
O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou nessa quinta-feira (12) que a Otan estará “em guerra contra a Rússia” caso autorize a Ucrânia a usar mísseis de longo alcance. Essa possibilidade está sendo avaliada por Estados Unidos e aliados. A Otan, Organização do Tratado do Atlântico Norte, é uma aliança militar composta pelos Estados Unidos e países europeus. A Ucrânia não faz parte do grupo, mas é apoiada pela Otan na guerra.
Atualmente, a grande maioria dos aliados da Ucrânia autorizam o país a usar as armas de parceiros estrangeiros apenas para a defesa do próprio território. Segundo Putin, uma eventual mudança nessa política “mudaria de maneira significativa a própria natureza do conflito”. Diante disso, ele alertou que o país tomará “decisões apropriadas com base nas ameaças”.
“Significaria que os países da Otan, os Estados Unidos, os países europeus, estão em guerra com a Rússia”, afirmou durante uma entrevista. Em agosto, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que só conseguiria frear o avanço russo se aliados autorizassem o emprego de armas de longo alcance.
Na terça-feira (10), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que estava trabalhando para autorizar o uso de mísseis de longo alcance norte-americanos pela Ucrânia. Uma mudança de postura dos Estados Unidos e aliados começou a ganhar força após o governo norte-americano afirmar que o Irã está fornecendo mísseis para a Rússia.
Nesta semana, a Rússia anunciou que está perto de assinar um novo acordo bilateral com o Irã.
Em Washington
O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, desembarcou em Washington para uma reunião de cúpula com o presidente americano, Joe Biden, nessa sexta (13), com a polêmica autorização para a Ucrânia utilizar mísseis de longo alcance cedidos pelo Ocidente contra o território russo em pauta — um tema que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, advertiu que seria recebido como uma declaração de guerra da Otan por Moscou. Fontes ouvidas pelo New York Times apontam que Biden estaria disposto a concordar com o uso de mísseis europeus, mas não americanos, em ataques contra o país.
A discussão sobre o uso de armas ocidentais em ações ofensivas ucranianas contra o território russo é antiga, ganhando e perdendo tração no decorrer da guerra. O tema esquentou nas últimas semanas, quando representantes ucranianos tentaram demonstrar aos governos ocidentais que as armas são um trunfo estratégico importante e que a recente invasão da região russa de Kursk demonstrou que a capacidade russa de uma represália é limitada. Uma série de reuniões foi organizada, incluindo uma em Kiev, com participação do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o chanceler britânico, David Lammy.
Embora outros temas estejam na agenda da reunião entre Biden e Starmer — incluindo a guerra no Oriente Médio —, fontes americanas e britânicas confirmam que o assunto central será a Ucrânia. Fontes consultadas pelo New York Times afirmam que o presidente americano ainda não tomou uma decisão final sobre o assunto, mas sinalizou que estaria disposto a fazer alguns avanços. A imprensa britânica, por sua vez, informou que democrata estaria disposto a permitir que Kiev usasse mísseis britânicos e franceses, mesmo que com tecnologia americana acoplada, mas não projéteis de fabricação americana.
A principal hesitação de Biden, segundo as mesmas fontes, seria expor as tropas americanas no Oriente Médio, sobretudo no momento final de sua Presidência. Estrategistas ligados a Washington acreditam que mais do que uma guerra direta com a Rússia, como a sugerida por Putin na quinta-feira, Moscou poderia reagir ampliando o envio de equipamentos militares ao Irã, que por sua vez poderia alimentar suas milícias espalhadas pela região e atacar bases americanas.