Domingo, 17 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 17 de novembro de 2024
Desde a invasão de Brasília em 8 de janeiro de 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) registra, em média, três ameaças por dia contra seus juízes. Na mais alta Corte do país, nenhum ministro se sente à vontade para falar abertamente sobre o avanço das intimidações que recebem e nenhum é tão visado por aspirantes a extremistas como Alexandre de Moraes.
A exemplo do episódio que chocou Brasília na última quarta-feira, 13, quando o chaveiro Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, detonou bombas em seu carro, estacionado próximo ao STF e, na sequência, se explodiu, no final do ano passado o Supremo já havia recebido ameaças graves de que outro homem-bomba estava disposto a ir para as vias de fato. Na ocasião, o plano do homem que se identificava como cabo temporário da Vila Militar do Rio era assassinar Alexandre de Moraes caso Jair Bolsonaro, à época enfronhado com o escândalo das joias sauditas, fosse preso por ordem do magistrado.
“Estou aqui fazendo um pacto: se prenderem Jair Messias Bolsonaro, eu me ofereço como bomba humana. Explodo, morro com aqueles fdp. Se quiserem me prender, estou nem aí”, disse o autor das ameaças em um vídeo postado nas redes sociais. “Podem me envolver com granada, mina terrestre, com o que quiser. Eu abraço aquele Alexandre de Moraes e levo ele para o inferno comigo”, completou.
A intimidação foi considerada uma das mais graves reunidas pelo STF até então e passou a ser investigada pela Polícia Federal. Com a identificação precoce da admoestação, porém, não houve consequências concretas contra o ministro.
Homem-bomba
Na última quarta-feira, o avanço de Francisco Wanderley contra o Supremo deixou evidente para a PF que, se antes eram bravatas ou apenas grupos isolados de tresloucados, a ameaça contra o STF agora é mais do que real. Os investigadores trabalham com as hipóteses de ação terrorista e de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito por parte do homem-bomba que se matou diante do tribunal.
Familiares dele já foram ouvidos e relataram que ele estava em Brasília também no início do ano passado, quando simpatizantes de Bolsonaro tentaram levar adiante um golpe de Estado, e que tinha a intenção de assassinar Alexandre de Moraes.
A PF está ouvindo testemunhas que tiveram contato com Francisco na véspera do atentado. O dono da loja que vendeu os fogos de artifícios depôs aos agentes. Ele contou que o homem-bomba gastou R$ 1,5 mil com os artefatos, comprados uma semana antes.
Também prestaram depoimento seguranças do STF que tiveram contato com Francisco antes de ele morrer ao explodir uma bomba na própria cabeça.