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Outros dois juízes federais articularam encontro com agente do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral

A defesa do ex-governador não quis se manifestar sobre a decisão de Fachin. (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

A aproximação do candidato ao governo do Rio de Janeiro Wilson Witzel com o agente fazendário Ary Ferreira da Costa Filho, operador do ex-governador Sérgio Cabral, ocorreu pelas mãos de outros dois juízes federais: Fabrício Fernandes (ex-Ajuferjes) e Walner de Almeida Pinto. Os dois fazem parte do grupo político de Witzel e frequentavam o apartamento do agente fazendário, num condomínio da Barra da Tijuca. As informações são do jornal O Globo.

Em 2011, o jornal O Globo mostrou que Fabrício havia pedido audiência com Eduardo Cunha, que naquela altura já respondida a processos no STF, e a Sérgio Cabral para ampliar o número de desembargadores e aumentar os tribunais regionais federais. Cabral também o ajudou a obter uma sede definitiva para a associação.

A amizade entre Ary e Fabrício é tão grande que o juiz chegou a viajar para os Estados Unidos para servir de testemunha do agente fazendário em processo na área de família. Em fevereiro de 2017, procurados pelo jornal O Globo logo após a prisão de Ary na Operação Mascate, Fabrício e Walner confirmaram a relação. Atual presidente da Ajuferjes, Fabrício disse que, em 2010, conheceu Ary quando representou os juízes federais através da Associação dos Juízes Federais, em encontro no Palácio Guanabara, no qual foi “expor a importância social dos projetos de interesse do Poder Judiciário, o que culminou na aprovação da Lei 12.665/2012, criando os cargos de juiz federal de turma recursal. A aprovação dessa lei contou com o apoio político do ex-governador Sérgio Cabral e da bancada parlamentar do Rio no Congresso.

A lei, aprovada em 2012, favoreceu Wilson Witzel. De 2012 a 2017, o ex-juiz atuou na 1ª e na 2ª Turmas Recursais da Justiça Federal do Rio. Nesta condição, recebeu gratificação por acúmulo, porque mantinha a turma mais as seções.

Witzel assumiu a presidência da Ajuferjes em janeiro de 2015, um mês antes de ter sido convidado por Ary para o camarote do governador na Sapucaí. Em dezembro de 2016, encerrou o mandato, sendo sucedido por Fabrício Fernandes de Castro, que ficará na presidência até dezembro.

Imóveis

Dois imóveis da ex-primeira dama do Rio de Janeiro Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador do Sérgio Cabral, foram vendidos na tarde de terça-feira (16). Os apartamentos foram comprados juntos, em lote único, por R$ 5.040.000,00.

A oferta foi feita num leilão presencial que ocorreu na sede da Justiça Federal, a mesma que condenou Cabral há mais de 100 anos de prisão e sequestrou os bens da família como forma de reaver parte dos valores desviados no esquema de corrupção.

Cada imóvel estava avaliado em R$ 3 milhões, mas tiveram 20% de desconto sobre o valor depois de um primeiro leilão presencial, na semana passada, que acabou sem ofertas.

Os apartamentos têm vista para o mar de Ipanema num condomínio que conta também com sauna e piscina.

No mesmo leilão um outro comprador arrematou o jatinho e um carro que pertencia ao empresário Arthur Soares, conhecido como Rei Arthur.

Ele foi um dos maiores beneficiados do esquema de corrupção de Cabral e suas empresas, segundo as investigações, tiveram lucro bilionário na gestão do ex-governador. Os dois bens foram arrematados por R$ 6,5 milhões.

Cabral foi ouvido em agosto a respeito da suposta compra de votos de membros africanos do Comitê Olímpico Internacional e negou. Foi também ouvido a respeito das propinas que teriam sido pagas pelo “Rei Arthur”, um dos principais fornecedores do governo do estado na gestão Cabral . Ele está foragido há um ano.

Carlos Miranda, delator e ex-operador do esquema criminoso de Cabral, diz que o ex-governador recebeu mais de R$ 1 milhão em propina das firmas do empresário por cerca de 5 anos. Cabral voltou a negar ter recebido propina, mas admitiu caixa dois.

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