Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 9 de setembro de 2024
Marçal negou a acusação de que tenha usado o ato como palanque.
Foto: ReproduçãoA participação relâmpago de Pablo Marçal (PRTB) no ato bolsonarista de 7 de Setembro, em São Paulo, rendeu mais de uma dezena de cortes para as suas redes sociais, principal ativo do ex-coach na campanha eleitoral. Mas nem todo saldo foi positivo: a ida à manifestação azedou a relação do influenciador com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com quem Marçal estava flertando nas últimas semanas.
Bolsonaro divulgou uma nota acusando o candidato à Prefeitura de São Paulo de fazer “palanque às custas dos outros”. O ex-presidente mencionou que Marçal tentou subir no trio elétrico ao fim do ato, mas foi barrado por “questões óbvias”. Segundo Bolsonaro, o episódio foi o “único e lamentável incidente” da manifestação.
Marçal negou a acusação de que tenha usado o ato como palanque. “Como fazer palanque se não me deixaram subir no palanque? Eu fui para os braços do povo. Não tive fala nenhuma, só fui o único que foi para os braços do povo”, afirmou o candidato do PRTB. Por volta das 15h30 de sábado (7), Marçal publicou um vídeo no Instagram reiterando que foi barrado e declarando que está sozinho: “Deus, povo e nada mais”.
Bolsonaro não foi o único a se incomodar com a atitude do influenciador. O organizador do ato, pastor Silas Malafaia, acusou Marçal de tentar se passar por “vítima” e de querer “lacrar” a qualquer custo. Malafaia ainda chamou o empresário e ex-coach de “frouxo”, afirmando que ele só chegou após o término do evento por medo do ministro Alexandre de Moraes, principal alvo dos ataques bolsonaristas no 7 de Setembro.
No sábado, Marçal desembarcou de helicóptero nas proximidades da Avenida Paulista, caminhou pela multidão, deu autógrafos a apoiadores e, quando o evento já tinha terminado, tentou subir no trio elétrico onde Bolsonaro estava, mas acabou barrado. Marçal estava em viagem a El Salvador e manteve suspense sobre sua participação no ato.
Para pessoas próximas ao ex-presidente, Marçal cometeu dois erros: chegou após os discursos contra Moraes, reforçando a impressão de que evita confronto com o principal algoz de Bolsonaro, e ignorou a orientação do ex-presidente de não politizar o ato. “Ele foi muito mal ontem”, disse um aliado próximo do ex-presidente, chamando Marçal de “dissimulado”.
Marçal publicou mais de dez vídeos sobre o 7 de Setembro em suas redes sociais. Em um deles, eleitores de Bolsonaro presentes ao ato afirmam que votarão em Marçal para a Prefeitura de São Paulo. O candidato do ex-presidente em São Paulo é o prefeito Ricardo Nunes, do MDB. Outro vídeo mostra Marçal no meio da multidão, enquanto apoiadores vestem bonés com seu nome.
Em mais um, Marçal provoca o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), mostrando bolsonaristas gritando “faz o M” durante o discurso do governador. O ex-coach escreve: “O governador falando e o povo fazendo o M. Será que agora ele não vota nulo?”, disse ele, se referindo à ocasião em que Tarcísio sugeriu que poderia votar nulo num eventual segundo turno entre Marçal e Guilherme Boulos (PSOL).
No início de seu discurso na Paulista, Bolsonaro se irritou com o barulho de outro trio elétrico na avenida, acreditando, segundo aliados, que fosse de Pablo Marçal. Ele disparou: “Se esse picareta quer fazer um evento, anuncie, convoque o povo e faça”. Bolsonaro ainda classificou a atitude como coisa de “canalha” e “vagabundo” e pediu que “fizesse política em outro lugar”. No entanto, o trio elétrico em questão não pertencia ao candidato do PRTB.
Enquanto o ex-coach teve uma participação tumultuada no 7 de Setembro, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) passou ileso: não enfrentou hostilidade dos bolsonaristas e ainda posou para uma foto ao lado do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente. Nunes também recebeu um elogio de Bolsonaro, que classificou a presença da candidata do Novo, Marina Helena, como “exemplar e respeitosa”, na mesma nota em que criticou Marçal. (AE)