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Pacientes com câncer têm maior probabilidade de morrer por coronavírus

Na última década, salto foi de 28% entre 2010 e 2020. (Foto: EBC)

Pacientes com câncer — em especial aqueles que apresentam tumores de mama, gastrointestinais, no pulmão e no sistema nervoso central — têm um risco maior de morrer ou desenvolver complicações graves por causa do coronavírus, de acordo com estudo inédito publicado nesta terça-feira (30) por 12 pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer (Inca).

Os pesquisadores revelaram que pacientes com câncer acometidos pelo novo coronavírus têm maior risco de morrer. Dos 181 pacientes avaliados, 33. 1% morreram devido a complicações pela Covid-19. Pacientes com câncer também apresentaram maior probabilidade de ter insuficiência respiratória (38,7%), choque séptico (22,1%) e lesão renal aguda (18,2%).

O chefe do Programa de Imunologia e Biologia Tumoral do Inca, João Viola, destacou que existem cinco fatores de risco para o paciente com câncer em relação ao agravamento da Covid-19:

“A idade, o câncer em estado avançado, a metástase, o paciente em cuidado paliativo e a Proteína C Reativa (que é detectada no sangue) são fatores que colocam o grupo contagiado pelo câncer em risco frente a Covid-19”, concluiu Viola, um dos autores do estudo.

A pesquisa também revelou que pacientes com tumores sólidos tiveram estados mais agravados do que os acometidos pelos hematológicos. Segundo o material, os tumores sólidos mais prevalentes foram os de mama (22,1%), gastrointestinal (13,3%) e ginecológico (12,2%). Entre as neoplasias hematológicas, predominaram linfoma (11%) e leucemia (5,5%).

“Desde o início da pandemia, alguns grupos específicos de pacientes foram considerados de mais alto risco para desenvolvimento quadros graves da Covid-19, levando-os a insuficiência respiratória, necessidade de ventilação mecânica, internações prolongadas em unidades de terapia intensiva e óbito pelo novo coronavírus. Esse trabalho reforça que o paciente com câncer é um paciente frágil, com um risco alto de complicações e mortalidade relacionada à Covid-19”, diz Andreia Melo, Chefe da Divisão de Pesquisa Clínica do Inca.

Segundo os pesquisadores, o resultado da pesquisa traz a necessidade da adoção de políticas públicas voltadas para a população com câncer:

“Os pacientes com câncer são considerados um dos grupos mais suscetíveis pelo vírus Sars-Cov-2. A vulnerabilidade, portanto, revela um cenário carente de medidas protocolares para a prevenção dessas pessoas. A precaução precisa ser realizada em ambientes privados e também externos”, afirma Marcelo Soares, chefe do Programa de Oncovirologia do Inca.

Este é o primeiro estudo brasileiro publicado sobre o impacto do vírus Sars-Cov-2 em pacientes com câncer. Fora do país, pesquisas chinesas e americanas já abordaram o tema.

No mundo

O câncer é o principal problema de saúde pública no mundo e já está entre as quatro principais causas de morte prematura (antes dos 70 anos de idade) na maioria dos países.

Segundo o Inca, 7,6 milhões de pessoas morrem em todo o mundo por causa do câncer a cada ano. Mais da metade delas, 4 milhões, têm entre 30 e 69 anos.

A previsão, segundo o instituto, é que 6 milhões de pessoas morram prematuramente por ano até 2025, caso não sejam adotadas medidas de prevenção.

Em fevereiro, a OMS divulgou dados sobre o câncer. Segundo a organização, os registros da doença aumentarão cerca de 81% nos países em desenvolvimento até 2040.

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