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Brasil Pacientes de médico condenado a 9 anos de prisão relatam fortes dores e depressão após procedimentos

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Pacientes tiveram complicações após procedimentos feitos pelo médico Wesley Murakami, Goiás. (Foto: Reprodução/TV Anhanguera e Arquivo Pessoal)

Relatos de vítimas do médico Wesley Murakami, condenado a mais de 9 anos de prisão por deformar pacientes, demonstram a forma que ele agiu. Entre os depoimentos divulgados na sentença, os denunciantes detalham problemas causados pelos procedimentos, como fortes dores, desmaios e depressão.

Em nota, a defesa do médico afirmou que respeita a decisão do Poder Judiciário e que adotará as medidas judiciais cabíveis ao caso. O advogado André Bueno informou que o cliente vai responder ao processo em liberdade.

Uma das pacientes disse que sentiu tanta dor após o procedimento, que não conseguia comer, nem escovar os dentes. Um homem contou que Wesley garantiu que ele ficaria parecido com o ator Cauã Reymond. O que não aconteceu e, por conta da vergonha de sair de casa, sua empresa faliu.

“Eu sou o melhor da cidade, talvez do Brasil, você vai ficar perfeito, estilo Cauã Reymond”, teria dito Wesley ao paciente.

A Justiça condenou o médico pelo crime de lesão corporal gravíssima contra nove vítimas. No entanto, na sentença há depoimentos de 14 pacientes que denunciaram por complicações após o uso do polimetilmetacrilato (PMMA).

Uma das pacientes contou que o procedimento estético contratado por ela demorou cerca de 3 horas e o médico pediu que ela tomasse água com açúcar antes de começar. Ela disse que sentiu muita dor, mesmo com o anestésico local.

“A declarante [disse que] gritava de dor. Que o médico colocou uma música em alto volume, acreditando a declarante que era para ninguém ouvir seus gritos na recepção”, descreve a sentença.

Após o procedimento, a mulher disse que tocou o rosto e ficou assustada com o tamanho. Em depoimento, a vítima contou que ficou transtornada, estava desfigurada e parecia um monstro.

Desmaio, dor e desconforto

Uma das vítimas contou que o médico cobrou mais de R$ 20 mil para fazer um procedimento no rosto dela. Ela narrou que ficou muito inchada e o rosto desconfigurado. Apesar disso, Wesley teria dito que era normal e tudo ia normalizar.

O mesmo relato é comum entre outros pacientes que denunciaram. Todos citam que o médico amenizava a situação e dizia que o inchaço era normal.

No depoimento, uma das pacientes relembrou que o médico cobrou R$ 35 mil em procedimentos faciais. Na sessão, ela disse que teve que tomar água com açúcar e ser coberta com um cobertor para aliviar as dores e o frio.

“[Ela] percebeu que desmaiou duas vezes durante o procedimento, pois o médico dava leves tapas no seu rosto e a chamava ‘meu anjo, meu anjo, preciso que você fique acordada para terminarmos o procedimento’”, descreve o relato.

Problemas psicológicos

Após ficarem deformados após os procedimentos, os pacientes descreveram quadros de problemas psicológicos, como a depressão. A sentença aponta que uma das mulheres, que chegou a ter um relacionamento com Wesley, tentou tirar a própria vida por três vezes, porque não conseguia se olhar no espelho.

“A declarante ficou impactada e chorou […] reclamou que não tinha combinado isso; Que Wesley sempre insistia que ela deveria confiar nele […] Causou sofrimento à declarante e sua família, inclusive sua mãe teve um episódio de desmaio no dia que chegou no pós aplicação do produto”, diz a sentença.

Segundo a paciente, Wesley sempre retrucava dizendo que ela não devia procurar outro profissional para reparar os procedimentos, porque isso ia desmoralizar o trabalho dele.

Outra vítima relatou que procurou o médico para corrigir rugas de expressão na região dos olhos, mas ele a convenceu de que deveria fazer procedimento de bioplastia facial, que custou R$ 16 mil. Durante 5 sessões, a mulher foi atendida por Wesley, nelas todas, ficava com o rosto muito inchado.

“Amigos e familiares começaram a chamar a declarante de ‘fofão’, fazendo alusão a um personagem infantil que tinha grandes bochechas”, pontua a sentença.

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