Ícone do site Jornal O Sul

Pacote de crédito, aposta do governo Lula, pode reduzir juros em um terço, diz secretário

Governo entende que as medidas de crédito são estruturais e, por isso, refuta críticas de que essa agenda poderá atrapalhar o trabalho do BC de controlar a inflação.(Foto: Reprodução)

As medidas de crédito em preparação pelo governo Lula, somadas a propostas em tramitação no Congresso que o Executivo quer destravar, têm o potencial de reduzir em um terço a taxa média de juros cobrada das famílias do País, avalia o secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Barbosa Pinto.

As propostas integram a agenda microeconômica da pasta e estão entre as principais apostas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tentar reverter a queda de sua popularidade, que atingiu o nível mais baixo de seus três mandatos.

Hoje, a taxa média dos juros para pessoas físicas está em 33,8%, incluindo o crédito livre, definido pelos próprios bancos, e o direcionado, que tem subsídios do governo. Os dados, coletados pelo Banco Central, são referentes a janeiro, último dado disponível.

Apesar das frequentes falas de Lula sobre o tema, o secretário não enxerga pressão política do Palácio do Planalto sobre o trabalho técnico da pasta. Ele avalia que o apoio do presidente é um impulso para que propostas no Legislativo que integram essa agenda ganhem agilidade na tramitação.

“Muito pelo contrário: a gente já vem trabalhando nesta agenda, e há vários projetos já em tramitação no Congresso. O apoio do presidente vai ajudar a acelerar a aprovação dessas medidas”, pontua.

Ele avalia que o Brasil já conseguiu promover uma forte inclusão de brasileiros no sistema financeiro, com 190 milhões de contas bancárias, 200 milhões de cartões de crédito ativos e mais de R$ 4 trilhões em crédito concedido para as pessoas físicas. Por isso, diz que a palavra-chave neste momento não é mais inclusão, mas sim autonomia financeira.

“Nos últimos anos, houve um esforço grande e bem-sucedido de inclusão financeira dos brasileiros. Mas isso não é suficiente: é preciso agora dar autonomia financeira, ou seja, ferramentas para que as pessoas tenham acesso a produtos de qualidade e a juros mais baixos”, afirma.

Ele também entende que as medidas de crédito são estruturais e, por isso, refuta críticas de que essa agenda poderá atrapalhar o trabalho do Banco Central de controlar a inflação. Na semana passada, o BC subiu a taxa básica de juros pela quinta vez seguida, para 14,25% ao ano, e já sinalizou uma nova alta em maio.

“Tudo que aumenta a produtividade da economia vai no sentido de ajudar o Banco Central, porque significa aumento de crescimento econômico sem gerar inflação”, avalia. “Responsabilidade fiscal e inflação na meta são condições necessárias pra gente crescer de forma sustentável, mas não suficientes; precisa melhorar a produtividade. Para fazer isso, precisa mexer nesse encanamento da economia”, diz.

Além do novo consignado privado, programa lançado pelo Executivo que teve início na última sexta-feira, o governo prepara junto com o BC uma medida com foco em microempreendedores individuais (MEIs) e micro e pequenas empresas que consiste em permitir que elas usem como garantia o fluxo que têm a receber de Pix, com o objetivo de baixar os juros para esse público. A expectativa é de que o desenho da modalidade seja concluído até o final do ano.

O governo também pretende destravar a tramitação de cinco projetos que já estão no Congresso Nacional e que integram essa agenda: a lei da infraestrutura do sistema financeiro, a lei da proteção ao investidor, a lei da resolução bancária, a lei de falências e a lei da desjudicialização. Nem todas têm efeitos imediatos sobre a economia, mas o secretário avalia que elas promovem mudanças estruturais, com ganhos de produtividade.

 

(Estadão Conteúdo)

Sair da versão mobile