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Pacote para baratear veículos é suficiente para impulsionar as vendas?

Especialistas divergem sobre o programa apresentado pelo governo federal. (Foto: Divulgação/Agência Brasil)

As medidas de descontos para veículos anunciadas pelo governo federal despertam dúvidas em especialistas do setor automotivo.

Para eles, no entanto, será necessário verificar o alcance do programa nesses segmentos.
Paulo Cardamone, diretor executivo da Bright Consulting, reitera que, no caso dos carros, se o desconto médio ficar em 5%, podem ser vendidos entre 80 mil a 100 mil unidades de zero quilômetro até que os R$ 500 milhões do novo incentivo oferecidos pelo governo se esgotem.

“A questão é se a montadora que vende o carro mais barato vai aceitar dar o desconto máximo em troca dos créditos tributários. A ideia é deixar o mercado competir, dentro dos critérios estabelecidos pelo governo, mas ainda não se sabe quando os créditos tributários poderão ser usados”, disse.

No caso dos caminhões e ônibus, que têm preços mais elevados que os automóveis, é difícil falar em renovação de frota.

A ideia é que um caminhoneiro ou empresa com um caminhão de 20 anos vá trocando por unidades novas. Cardamone observa que esse movimento pode levar muito tempo até que todas as trocas aconteçam.

Numa estimativa preliminar, ele acredita que entre 2 mil e 3 mil caminhões zero possam ser vendidos com os estímulos, em um mercado anual de 120 mil unidades, o que é um número baixo.

Já para Antonio Jorge Martins, coordenador dos cursos automotivos da FGV-SP, avalia como pequeno o desconto de até R$ 8 mil aos carros. Martins assegura que, no caso de um veículo de R$ 68 mil, o valor cai para R$ 60 mil.

Ele elogia a extensão do programa a ônibus e caminhões, do ponto de vista ambiental e do estímulo ao transporte público, mas não acredita em renovação de frota.

“A questão dos caminhões é diferente da dos carros. Houve uma antecipação de compra no fim do ano passado. Esse mercado leva tempo para se recuperar. Então a dúvida é qual será a intensidade dessas medidas para caminhões e ônibus”, salientou.

O novo programa para baratear os carros populares e renovar a frota prevê descontos entre 1,5% e o máximo 11,26%, ou de R$ 2 mil a R$ 8 mil de bônus para compra dos automóveis. Para veículos de carga ou coletivos, o abatimento será de R$ 33,6 mil a R$ 99,4 mil.

No total, o governo reservou R$ 1,5 bilhão para o programa. Serão distribuídos assim:

– R$ 500 milhões para automóveis
– R$ 700 milhões para caminhões
–  R$ 300 milhões para vans e ônibus

Quando atingir o R$ 1,5 bilhão, o programa será encerrado. As empresas do setor que aplicarem o desconto na venda ao consumidor receberão um crédito tributário.

 

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