Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 14 de junho de 2017
Em entrevista à imprensa, os pais de um dos adolescentes que sofreram abusos sexuais cometidos por um padre de 37 anos, preso na sexta-feira, em Joinville, no Norte de Santa Catarina, afirmaram ao jornal O Estado de S. Paulo que ele lançava mão de “estratégias” para atrair meninos nas paróquias por onde passou. Na mais recente delas, a Santa Paulina, ele presenteava os garotos com telefones celulares.
Ao menos cinco vítimas foram identificadas, mas a Polícia Civil catarinense acredita que o número possa ser aina maior até a conclusão do inquérito. Todas elas tinham idades entre 12 e 13 anos e moravam no município de São Francisco do Sul, no Norte do Estado.
“O religioso deu aparelhos caros para meninos da comunidade e sempre estava com dois ou três com ele dentro do seu carro”, contou o pai de uma das crianças abusadas. “Ele dizia ter medo de andar pela cidade sozinho”, acrescentou a mãe de outro menor de idade.
Nas próximas horas, o delegado Marcel de Oliveira, responsável pelas investigações do caso, pedirá a conversão da prisão temporária do padre em prisão preventiva. De acordo com o que foi apurado até o momento, o religioso também teria permitido que adolescentes que o acompanhavam ingerissem bebidas alcoólicas.
Os casos envolvendo abuso sexual por parte do pároco foram descobertos no final de maio deste ano pelos pais de uma das vítimas. Na ocasião, o sacerdote levou cinco adolescentes para dormir com ele em um “retiro espiritual” em Joinville. Um dos meninos conseguiu fugir do local durante uma investida do padre e mandou uma mensagem de texto tipo SMS para a sua família, pedindo socorro.
Comportamento
Sob a condição do anonimato para que o filho não seja identificado, o pai e a mãe de mais de outra das vítimas contaram à imprensa local que já haviam percebido um comportamento que definem como “atípico” por parte do religioso. Eles não imaginavam, no entanto, que o sacerdote seria capaz de abusar sexualmente.
“Certa vez ele me chamou e perguntou se eu havia notado a tendência homossexual do meu filho de 12 anos. Logo em seguida, disse que o meu filho havia tentado tocar as suas partes íntimas”, disse a mãe. “Eu não acreditei em uma coisa dessas. Na época, o meu filho estava indo a uma psicóloga e eu falei isso para ela, que também achou estranho.”
Diocese
Na última terça-feira, a diocese de Joinville comunicou que, se ficar comprovada a culpa do padre preso por suspeita de pedofilia, ele será demitido do estado clerical.
Há alguns meses, o sacerdote foi transferido para Joinville, mas foi afastado das funções religiosas no fim de maio, pois a igreja ficou sabendo das acusações. A diocese de Joinville disse ter “o maior interesse” na conclusão do inquérito.
Além disso, informou ter colocado psicólogos para atender as famílias das supostas vítimas e que está à disposição dos pais para todo tipo de explicação. Enfatizou, porém, que a transferência do padre de São Francisco do Sul não se deu em função da denúncia dos pais, mas por uma questão administrativa e que, assim que soube da suspeita sobre o religioso, o afastou das atividades sacerdotais.
“A Diocese de Joinville está à disposição das autoridades competentes, comprometida com a busca da verdade e repudia totalmente a pedofilia”, ressaltou em nota a igreja.