O empresário Vladimir Neiva, pai da atriz Mayana Neiva, que está no ar na novela “Éramos Seis”, da TV Globo, foi preso na terça-feira (17), na Paraíba, em uma operação da PF (Polícia Federal). Ao todo, 16 mandados de prisão preventiva (sem prazo determinado) foram cumpridos.
As prisões fazem parte da sétima fase da operação Calvário, que investiga o suposto desvio de R$ 134,2 milhões das áreas de saúde e educação pública da Paraíba. O ex-governador Ricardo Coutinho também teve a prisão decretada, mas estava em viagem de férias fora do país e passou a ser considerado foragido. Os 16 suspeitos que tiveram mandados de prisão cumpridos continuaram atrás das grades após audiência de custódia realizada na quarta-feira (18).
O advogado do Grupo Grafset, Kalleby Sobral, que representa Vladimir, disse que, embora respeite a decisão da Justiça, discorda dela. “Estamos colaborando com todas as fases da investigação e meu cliente não tem nenhum contrato vigente com o governo do Estado e nenhum recebimento a ser feito desde dezembro de 2018. Se houver denúncia, vamos nos defender nos autos”, afirmou Sobral, frisando que Vladimir não tem qualquer tipo de relação pessoal com o ex-governador.
Além do mandado de prisão contra o pai da atriz, a operação também cumpriu mandados de busca e apreensão na Editora Grafset, produtora de livros da qual ele é diretor-presidente.
Em nota, os advogados da família pediram que seja reforçado que a atriz não tem nenhuma relação com a operação, pois “trata-se de algo que envolve exclusivamente seu pai e que será explicado, agora, no âmbito jurídico”.
Afirmam, ainda, que “Vladimir Neiva apenas foi indiciado, não foi sequer denunciado e que tudo ainda transita na esfera da investigação, não existindo nenhum condenado até agora.” “O que existe, de fato, é uma acusação de entrega de recursos a certos agentes políticos, mas nada comprovado nos autos.”
Operação
Vladimir Neiva é investigado porque foi citado em duas delações premiadas. Em depoimento, Ivan Burity, ex-chefe do governo de Ricardo Coutinho, disse que Vladimir teria sido procurado para realizar doações à campanha do ex-governador, oficiais e extraoficiais.
Já a ex-secretária de Administração Livânia Farias, presa em março deste ano, afirmou em seu depoimento que a Editora Grafset teria sido responsável por parte das propinas entregues em caixas na Granja Santana, residência oficial do então governador, de 2014 a 2018.
Por meio de nota, a Polícia Federal disse que, do total de dinheiro desviado, R$ 120 milhões teriam sido destinados a agentes políticos e a campanhas eleitorais da Paraíba em 2010, 2014 e 2018. Conforme a investigação, os recursos públicos eram destinados aos serviços de saúde e educação. A PF afirma que houve fraudes em procedimentos licitatórios e em concursos públicos.
A operação foi realizada em conjunto com o Gaeco-PB (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado da Paraíba), o Ministério Público Federal e a CGU (Controladoria-Geral da União).