O resultado da eleição da Venezuela é alvo de desconfiança de especialistas e autoridades internacionais depois de o presidente Nicolás Maduro, no cargo há 11 anos, ter sido declarado vencedor pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) na segunda-feira (29). O órgão responsável pelas eleições no país é presidido por um aliado de Maduro. Se o sucessor de Hugo Chávez perdesse, a oposição chegaria ao poder no país após 25 anos.
Maduro foi reeleito com 51,95% dos votos, enquanto seu opositor, Edmundo González, recebeu 43,18%, com 96,87% das urnas apuradas, segundo números do CNE atualizados na tarde dessa sexta-feira (2). A oposição e a comunidade internacional contestam o resultado divulgado pelo órgão eleitoral e pedem a divulgação das atas eleitorais. Segundo contagem paralela da oposição, González venceu Maduro com 67% dos votos, contra 30% de Maduro.
As tensões aumentaram na Venezuela durante a semana: Maduro disse que os líderes da oposição, González e María Corina Machado, “têm que estar atrás das grades” e colocou as Forças Armadas nas ruas para coibir protestos contra o governo, que deixaram dezenas de mortos e de feridos, segundo ONGs, e mais de 1.000 presos, segundo o Ministério Público venezuelano.
Os Estados Unidos anunciaram na quinta-feira (1º) que reconhecem a vitória de González na eleição. Os EUA foram seguidos por países sul-americanos nessa sexta. Veja abaixo quais são os países que anunciaram o reconhecimento da vitória de Edmundo González:
– Estados Unidos;
– Argentina;
– Uruguai;
– Equador;
– Costa Rica;
– Panamá;
– Peru.
“Dada a evidência esmagadora, é claro para os Estados Unidos e, mais importante, para o povo venezuelano, que Edmundo González Urrutia recebeu a maioria dos votos na eleição presidencial de 28 de julho na Venezuela”, disse Antony Blinken em comunicado.
“Todos podemos confirmar, sem espaço para dúvida, que o legítimo ganhador e presidente eleito é Edmundo González”, disse a chanceler da Argentina, Diana Mondino.
O ministro das Relações Exteriores do Uruguai disse que o país vê “evidências esmagadoras da vitória de González”.
O presidente do Equador, Daniel Noboa, disse que seu governo reconhece González como legítimo vencedor da eleição e que há “evidente manipulação dos resultados eleitorais”.
Em comunicado, o governo da Costa Rica disse que González assegurou a maior quantidade de votos na eleição. “Está claro para a Costa Rica que Maduro não recebeu a maioria dos votos, então refutamos a proclamação fraudulenta de que venceu as eleições”. O país disse ainda que é indiscutível a vitória do candidato de oposição.
Brasil, Colômbia e México emitiram uma nota conjunta na quinta-feira (1º) pedindo a divulgação de todas as atas eleitorais na Venezuela e solução da desavença pelas “vias institucionais”.
Antes de reconhecerem a vitória de González, esses países participaram do grupo de autoridades internacionais que contestaram o resultado das eleições, ainda na segunda-feira (29).
Após pressão da comunidade internacional e observatórios independentes, como o Centro Carter, o Supremo Tribunal venezuelano concordou em fazer uma auditoria das eleições a pedido de Maduro e convocou os 10 candidatos presidenciais – Maduro, González e mais oito – a comparecer no tribunal. As informações são do portal de notícias G1.