Diante dos ataques da Rússia nos últimos dias, países do Ocidente decidiram mandar equipamentos de defesa mais modernos para a Ucrânia. São sistemas com maior capacidade de proteção de centros urbanos e de alvos estratégicos para os russos.
A dificuldade ucraniana para enfrentar a invasão russa fica evidente nas disputas aéreas. Nesta semana, as forças da Ucrânia só conseguiram interceptar metade dos mísseis e drones disparados pela Rússia.
Na última semana, por exemplo, a capital Kiev foi atacada por drones kamikazes, segundo autoridades do país. A Ucrânia afirma que Moscou comprou do Irã esse equipamento, que se destrói durante o ataque.
Atualmente, grande parte da defesa aérea da Ucrânia é antiga. São sistemas S-300, fabricados exatamente pelo atual inimigo, a Rússia.
Os Estados Unidos e outros países do Ocidente enviaram sistemas portáteis para ajudar a Ucrânia no começo da guerra, mas eles não têm sido suficientes para dar conta do aumento da ofensiva russa. Agora, o reforço está chegando.
O ministro da Defesa ucraniano afirmou que os soldados estão sendo treinados para usar os novos sistemas de defesa aérea prometidos pela Alemanha e pelos Estados Unidos.
O primeiro deles já chegou: é o IRIS-T, da Alemanha. Esse sistema é composto por três módulos: radar; lançador de projéteis; e centro de comando e controle. O Nasams, que será enviado pelos Estados Unidos, funciona de maneira semelhante. Na prática, esses sistemas lançam mísseis para atingir um alvo inimigo que esteja vindo pelo ar.
O objetivo desse reforço para os militares da Ucrânia é dar um nó na estratégia russa, evitando que ataques atinjam áreas civis e, também, protegendo depósitos de munição, suprimentos, postos de comando e a infraestrutura ucraniana, que tem sido o alvo preferencial.
O professor de ciência política da Universidade Columbia, Robert Shapiro, explicou que, com essas ofensivas, a Rússia tenta forçar a Ucrânia a chegar a algum acordo mais favorável a Moscou. Mas que a chegada dos equipamentos de defesa pode fazer a diferença e atrapalhar a estratégia dos russos.
Desde 2014, com a anexação da Península da Crimeia pela Rússia, países do Ocidente vinham evitando mandar esse tipo de armamento para Ucrânia. Especialistas dizem que os governos temiam que essas armas caíssem em mãos russas, e também se preocupavam com a falta de treinamento dos ucranianos para utilizá-las.
O professor Robert Shapiro afirmou que agora, ao fornecer os novos sistemas à Kiev, a Aliança Militar do Ocidente manda um forte sinal para Rússia, de que o compromisso de apoio a Ucrânia está mantido a longo prazo.
O que não se sabe é qual será a reação da Rússia se a Ucrânia começar a ter mais sucesso ao interceptar os ataques aéreos. O professor alerta: “O problema é que, se essa guerra convencional for bem-sucedida, qual será a resposta da Rússia? Se for o uso de armas nucleares, pode ser desastroso”.