Segunda-feira, 25 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 23 de junho de 2024
As taxas de natalidade nas economias mais ricas do mundo mais do que caíram pela metade desde 1960 e atingiram um nível recorde, de acordo com um estudo da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) publicado nesta quinta.
O número médio de filhos por mulher nos 38 países mais industrializados caiu de 3,3 em 1960 para 1,5 em 2022, diz o estudo, que alertou os países a se prepararem para um “futuro de menor fertilidade”.
A taxa de fertilidade agora está bem abaixo do “nível de reposição” de 2,1 filhos por mulher —em que a população de um país é considerada estável sem imigração— em todos os países membros do grupo, exceto Israel.
“Essa queda irá mudar o rosto das sociedades, comunidades e famílias e potencialmente terá grandes efeitos sobre o crescimento econômico e a prosperidade”, alertou a organização sediada em Paris.
O declínio do crescimento populacional atua como um freio na expansão econômica. Em toda a União Europeia, o aumento na participação geral da força de trabalho em breve não será suficiente para compensar a queda da população em idade ativa, exacerbando a escassez de mão de obra, de acordo com o relatório de envelhecimento de 2024 do FMI (Fundo Monetário Internacional) e da Comissão Europeia.
Junto do aumento da expectativa de vida, os baixos números de nascimentos também pressionam as finanças públicas, uma vez que há menos pessoas para contribuir com os crescentes custos de uma população em envelhecimento.
A falta de estudantes também está levando ao fechamento de escolas em toda a Europa, Japão e Coreia do Sul.
Willem Adema, coautor do relatório e economista sênior na divisão de políticas sociais da OCDE, disse que países podem incentivar o aumento das taxas de fertilidade implementando políticas que promovam a igualdade de gênero e uma divisão mais equitativa do trabalho e das atividades parentais.
O estudo encontrou uma associação positiva entre as taxas de emprego feminino e as taxas de fertilidade mais altas, mas constatou que o custo da moradia era uma barreira crescente para ter filhos.
Mas mesmo políticas favoráveis às famílias provavelmente não elevarão as taxas de natalidade para os níveis de reposição, disse Adema.
Um “futuro de menor fertilidade” exigiria um foco em políticas de imigração, acrescentou ele, bem como “medidas que possam ajudar as pessoas a se manterem saudáveis e trabalhar por mais tempo, e melhorias na produtividade de forma mais geral”.
França e Irlanda têm as maiores taxas de fertilidade na Europa, e países anglo-saxões e nórdicos geralmente ficam no topo da lista.
A Hungria elevou sua taxa de fertilidade para a média da OCDE ao longo da última década, com os gastos em benefícios familiares representando mais de 3% do PIB (Produto Interno Bruto), de acordo com os dados nacionais mais recentes.
As taxas de fertilidade mais baixas foram registradas no sul da Europa e no Japão, com cerca de 1,2 filhos por mulher, sendo a Coreia do Sul o país com a menor taxa de natalidade, com cerca de 0,7.
No entanto, uma queda nas taxas de natalidade em países com políticas extensivas de apoio às famílias, como Finlândia, França e Noruega, “foi uma grande surpresa”, disse Wolfgang Lutz, diretor fundador do Centro Wittgenstein para Demografia e Capital Humano Global em Viena.
A OCDE disse que a “segunda transição demográfica”, uma tendência que marca a mudança de atitudes em direção a uma maior liberdade individual, objetivos de vida alternativos e arranjos de vida, ajudou a explicar a queda na formação de famílias.
A ausência de filhos mais do que dobrou na Itália, Espanha e Japão entre as mulheres nascidas em 1975 em comparação com as mulheres nascidas em 1955. Cerca de 20% a 24% das mulheres na Áustria, Alemanha, Itália e Espanha são sem filhos entre aquelas nascidas em 1975, com o número subindo para 28% no Japão.
As mães na OCDE, em média, tiveram seu primeiro filho aos quase 30 anos em 2020, acima da idade média de 26,5 em 2000. O número sobe para mais de 30 na Itália, Espanha e Coreia do Sul.
Adema disse que os atrasos em ter filhos aumentam o risco de que a maternidade não ocorra. “Há um aumento no desejo de buscar objetivos de vida que não envolvem necessariamente crianças”, acrescentou.