Quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 23 de fevereiro de 2022
Os países da União Europeia (UE) vizinhos da Ucrânia estão se preparando para um influxo de centenas de milhares ou mesmo milhões de refugiados com a invasão da ex-república soviética pela Rússia.
A embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, alertou nesta quarta-feira que o conflito pode levar a “uma nova crise de refugiados” com “até 5 milhões de pessoas” deslocadas.
A Polônia, que tem uma longa fronteira com a Ucrânia e abriga cerca de 1,5 milhão de cidadãos ucranianos, expressou apoio ao país vizinho e disposição em ajudá-lo. “A Polônia está se preparando para vários cenários relacionados à tensa situação entre a Ucrânia e a Rússia”, disse o Ministério do Interior.
Os planos já eram estudados antes mesmo de a Rússia reconhecer a independência das áreas controladas pelos separatistas ao Leste da Ucrânia e das consequentes sanções ocidentais.
“O Ministério do Interior vem tomando medidas há algum tempo para se preparar para uma onda de até 1 milhão de pessoas”, afirmou o vice-ministro do Interior polonês, Maciej Wasik, no mês passado.
O primeiro-ministro Mateusz Morawiecki criou um grupo de trabalho para definir as necessidades logísticas, de transporte, médicas e educacionais para acolher refugiados ucranianos.
“Estamos prontos para receber crianças e jovens nas escolas e estudantes nas universidades polonesas”, disse o ministro da Educação, Przemyslaw Czarnek, nesta quarta-feira.
A comissária de Assuntos Internos da UE, Ylva Johansson, disse que a Comissão Europeia está pronta para fornecer apoio financeiro à Polônia, se necessário, bem como ajuda da agência europeia de asilo, da Europol e da agência de fronteiras da UE.
Romênia e Eslováquia
A Eslováquia, que compartilha a fronteira oriental com a Ucrânia, também tem planos para lidar com “possível pressão de refugiados”, segundo declaração do ministro da Defesa, Jaroslav Nad.
O ministro do Interior, Roman Mikulec, revelou que havia quatro campos de refugiados que poderiam receber requerentes de asilo ucranianos. “Se a situação exigir, também podemos usar as instalações de alojamento existentes no Ministério do Interior e outros ministérios”, disse.
A Romênia, um dos países mais pobres da Europa, não acredita que muitos ucranianos fujam para seu território em caso de conflito, mas está preparada para receber meio milhão. “Esse é o número para o qual estamos preparados”, declarou o ministro da Defesa, Vasile Dancu.
O país poderia criar centros de acolhimento, especialmente nas grandes cidades ao longo de sua fronteira de 650 quilômetros com a Ucrânia, segundo o ministro. “Barracas, camas, cobertores, instalações de aquecimento. Tudo pode ser montado e instalado em menos de 12 horas”, afirmou Alexandru Moldovan, prefeito de Suceava, cidade ao norte da Romênia.
Situação imprevisível
A Hungria, cujo primeiro-ministro, Viktor Orbán, é conhecido por sua linha dura em relação à imigração, também parece disposta a receber refugiados ucranianos.
“Em caso de guerra, centenas de milhares, até milhões de refugiados chegariam da Ucrânia e remodelariam fundamentalmente a situação política e econômica na Hungria”, disse Orbán recentemente. “Estamos trabalhando pela paz, mas é claro que as agências estatais designadas iniciaram os preparativos”, acrescentou.
O Conselho Norueguês para Refugiados alertou no início deste mês que, se o conflito aumentasse e deslocasse milhões de pessoas, os grupos humanitários teriam dificuldade em atender até mesmo parcialmente suas necessidades. “Seria uma loucura lançar uma nova guerra cataclísmica no mundo”, disse seu secretário-geral, Jan Egeland, na época.