Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de janeiro de 2021
De acordo com o religioso, “numerosas realidades do planeta dirigem ao mundo da comunicação um convite a ‘ir e ver'”
Foto: ReproduçãoO papa Francisco fez um alerta neste sábado (23) sobre a necessidade de ir ao encontro da “vida concreta”, no trabalho jornalístico, principalmente durante a pandemia do novo coronavírus Sars-CoV-2, e pediu atenção aos países mais pobres na distribuição das vacinas anti-Covid.
“Há o risco de narrar a pandemia ou qualquer outra crise só com os olhos do mundo mais rico”, alertou em mensagem divulgada pelo 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais.
De acordo com o religioso, “numerosas realidades do planeta dirigem ao mundo da comunicação um convite a ‘ir e ver’”. “Por exemplo, na questão das vacinas e dos cuidados médicos em geral, pensemos no risco de exclusão que correm as pessoas mais carentes. Quem nos contará a expectativa de cura nas aldeias mais pobres da Ásia, América Latina e África?”, questiona.
O Santo Padre explicou que, sem essa narrativa extensa, as diferenças sociais e econômicas vão marcar a distribuição das vacinas contra a Covid-19, “com os pobres sempre em último lugar”.
“O direito à saúde para todos, afirmado em linha de princípio, acaba esvaziado da sua valência real”, acrescenta ele, chamando de “drama social” os casos de pobreza provocados pela emergência sanitária.
Durante a mensagem, Francisco ainda alertou para os perigos de uma manipulação de informação nas plataformas digitais, especialmente durante a pandemia, e defendeu que os jornalistas precisam estar dispostos a “ir onde ninguém vai”.
“Tornaram-se evidentes, para todos, os riscos de uma comunicação social não verificável. Há tempo que nos demos conta de como as notícias e até as imagens são facilmente manipuláveis, por infinitos motivos, às vezes por um banal narcisismo”, acrescentou.
No texto, divulgado pelo Vaticano, Francisco defende uma comunicação “transparente e honesta”, “tanto na redação do jornal como no mundo da web, tanto na pregação comum da Igreja como na comunicação política ou social”.
O argentino destaca a importância de “maior capacidade de discernimento e de um sentido de responsabilidade mais maduro”, na criação e compartilhamento de conteúdos.
“Todos somos responsáveis pela comunicação que fazemos, pelas informações que damos, pelo controle que podemos exercer juntos sobre as notícias falsas, desmascarando-as”, enfatizou.
O líder da Igreja Católica admitiu que a tecnologia digital permite ter uma “informação em primeira mão e oportuna”, por muitas vezes muito útil, oferecendo a possibilidade de acompanhar acontecimentos que de outra forma “seriam negligenciados pelos meios de comunicação tradicionais”. “É uma ferramenta formidável. Graças à rede temos a oportunidade de contar o que vemos, o que acontece sob os nossos olhos, para compartilhar testemunhos “, afirma.
Apesar disso, a mensagem alerta que “na comunicação, nada pode jamais substituir o ver pessoalmente”, porque “algumas coisas só se aprendem vivenciando-as”. “Na verdade, não se comunica só com palavras, mas com os olhos, com o tom de voz, com os gestos”.