O papa Francisco recebeu, nesta segunda-feira (12), em audiência privada, o cardeal australiano George Pell, absolvido em abril em um caso de pedofilia na Austrália e que retornou a Roma na quarta-feira, 30 de setembro, após mais de três anos de ausência.
A notícia foi anunciada no boletim oficial do Vaticano, que detalha as atividades diárias do pontífice. Muito sensível à presunção de inocência e ao destino dos prisioneiros, o encontro entre o papa e o seu antigo “ministro” da Economia não surpreende. No entanto, parece altamente improvável que o prelado australiano de 79 anos receba um novo cargo na Santa Sé.
O cardeal Pell, que teoricamente deveria observar uma quarentena de 14 dias ao chegar da Austrália, havia sido fotografado recentemente em um café perto da Cidade do Vaticano.
O australiano, conhecido pelo seu domínio e conhecimento dos assuntos econômicos, foi nomeado em 2014 pelo papa Francisco para chefiar um novo Secretariado da Economia, responsável pelo controle das finanças e das despesas nas várias administrações da Santa Sé.
A tarefa despertou grande resistência interna em uma Cúria Romana (governo do Vaticano) acostumada a uma grande autonomia financeira. O cardeal foi condenado em março de 2019 a seis anos de prisão por estupro e agressão sexual contra dois coroinhas em 1996 e 1997 na Catedral de São Patrício em Melbourne (sudeste), da qual era arcebispo.
Sua condenação, confirmada em recurso, foi finalmente anulada pelo Tribunal Superior da Austrália, que o absolveu em abril de cinco acusações de violência sexual, em razão do benefício da dúvida.
Pell, que ficou preso mais de um ano, foi então libertado da prisão e disse que o julgamento possibilitou reparar “uma grave injustiça”. O Vaticano então saudou a decisão da Justiça australiana. E o papa pediu oração por aqueles “que sofrem por julgamentos injustos por causa da implacabilidade”, sem nomear o cardeal Pell.