Domingo, 19 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 11 de outubro de 2015
Após a divulgação de um dossiê do Ministério Público da Suíça, apontando contas bancárias secretas de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) naquele país, a situação do presidente da Câmara dos Deputados ficou insustentável. A avaliação parte não só de membros da base governista, mas até de colegas mais próximos. Alguns deles não escondem o incômodo com o silêncio desde a confirmação do fato pelas autoridades do país europeu.
Antes do surgimento de indícios mais substanciais, os aliados do presidente da Câmara estavam cautelosos em relação ao assunto, até porque, mesmo em conversas reservadas, Cunha jamais admitiu a manutenção de dinheiro no exterior. Agora, o apoio parece se esvair.
“Ele não falou a verdade, então não há por que se submeter ao desgaste de defendê-lo”, justifica um dos caciques do PMDB. “A materialidade das provas é impressionante e ele ficou inviabilizado no comando da Casa”, sentencia um deputado peemedebista próximo de Cunha, ao frisar que até o passaporte diplomático foi usado para abertura das contas secretas na Suíça.
Integrantes do PMDB e da oposição acreditam que Cunha ainda tentará se proteger entre os deputados investigados pela Operação Lava-Jato. Também estimam que ele cometeu um erro ao atacar o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. “Ao fazer isso, ele acabou atacando toda a corporação e, assim, virou prioridade para o Ministério Público Federal”, prossegue um parlamentar do DEM. “Ele também garantiu à CPI da Petrobras que não tinha conta no exterior”.
A cúpula do PSDB, por sua vez, já anunciou a retirada de apoio tucano ao principal opositor do governo. A avaliação é de que ele tem prejudicado a imagem da oposição, além de emperrar a abertura de um processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, bem como dos planos de cassação da chapa Dilma-Michel Temer pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). (Marcello Campos com agências)