Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 11 de fevereiro de 2019
Desde que o deputado opositor Juan Guaidó se autoproclamou presidente interino da Venezuela e grande parte da comunidade internacional o reconheceu, o país vizinho vive uma situação inusitada: tem dois presidentes. Ambos anunciam medidas, muitas vezes contraditórias – se a ajuda humanitária pedida por Guaidó e vetada por Nicolás Maduro entraria ou não no território venezuelano, por exemplo. Para analistas de risco político, a queda de Maduro não é iminente, mas eles afirmam que ele não terminará este ano no poder.
Esta é a aposta tanto da Eurasia Group, uma das maiores consultorias de risco do mundo, quanto do Crisis Group, ONG independente que atua no monitoramento de conflitos.
“A intransigência do regime e a falta de credibilidade dos integrantes do regime tornam a transição mais provável para se estender por meses, em vez de dias ou semanas. Independentemente disso, hoje parece improvável que Maduro sobreviva no cargo até o fim do ano”, afirma Risa Grais-Targow, diretora para América Latina da Eurasia, nos relatórios de análise de risco, que projetam a Venezuela em um cenário negativo a longo prazo.
Phil Gunson, consultor do Crisis Group para Venezuela e América Latina, concorda com a previsão. “Eu não apostaria que a presidência de Maduro sobreviva até o final do ano. O que é realmente difícil de prever, no entanto, é precisamente de que forma isso vai acabar. Há um risco definitivo de violência grave, até porque a incapacidade de resolver a crise dentro de um curto período de tempo — semanas, não meses — levará a uma maior pressão para o uso da força militar”, afirma.
Sem perspectiva de negociação, Gunson vê chance de confronto. “As facções armadas que apoiam o governo — tanto militares quando civis — podem até mesmo se enfrentar. Há pouca inclinação em ambos os lados para negociar neste momento”, analisa Gunson.
Alternativas
O herdeiro de Hugo Chávez enfrenta o seu maior teste desde que assumiu o poder, em 2013. Mas, desta vez, a oposição venezuelana — que atuou de forma totalmente desarticulada nos últimos anos — está centrada na figura de Guaidó, presidente da Assembleia Nacional de maioria opositora que foi destituída por Maduro em 2015. O engenheiro de 35 anos é uma figura carismática e conta com apoio de países como os EUA, União Europeia, e os vizinhos Brasil e Colômbia.
O governo brasileiro reconhece Juan Guaidó como presidente interino e já se reuniu com a embaixadora indicada por ele para o cargo, Maria Teresa Belandria — a Venezuela de Maduro não têm embaixador no Brasil desde 2016, quando retirou seu representante após o impeachment de Dilma Rousseff (PT).