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Colunistas Para auxiliar psicologicamente os gaúchos

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(Foto: Gustavo Mansur/Palácio Piratini)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

A tragédia que ainda assola nosso Estado irá exigir muito trabalho de reconstrução. De um lado, reconstrução material: casas, estradas e pontes. De outro, a reconstrução emocional de nosso povo, isto é, daquelas pessoas que sofreram perdas diretas e indiretas.

As perdas materiais necessitam reconstrução e compensação econômica. As perdas emocionais solicitam acolhimento e suporte psicológico por longo tempo. Sentimentos de perda, depressão, apatia, angústia existencial e estresse pós-traumático, com pesadelos e rememoração automática dos eventos, serão apenas alguns dos sintomas psicológicos consequentes a esse doloroso trauma.

Esses e outros sintomas poderão aparecer até seis meses depois do acontecimento e cerca de 10% dos que viveram o evento traumático manifestarão sintomas psicológicos graves. Portanto, será necessário criar grupos de apoio especializado, pois somente a reconstrução do sentido do trauma permitirá desenvolver de novo o sentimento de pertencimento, de recuperação da segurança e de proteção.

Para tanto, o trabalho psicológico deverá ser transformador. Converter o sofrimento, não em apatia, mas em oportunidade. Isso só é possível quando alguém ajuda a encontrar um sentido para aquilo que o trauma internaliza: o sofrimento.

Encontrar um sentido não é uma posição passiva, mas a capacidade de realizar as potencialidades para modificar a realidade. Enfrentar o sofrimento para além dele e ter esperança. Auxiliar a conjugar o verbo esperançar, que é justamente o contrário de esperar. Esperar é cruzar os braços, enquanto esperançar é a ação de ir atrás, lutar, não desistir. Transformar as coisas para melhor.

A tragédia dessa enchente já mostrou que a solidariedade humana pode ser encontrada em qualquer pessoa e não foram poucos os exemplos que comprovaram isso. Entretanto, para cuidar das feridas emocionais que ela deixou, será necessário um trabalho muito especializado. Psicólogos preparados deverão estar disponíveis para acompanhar as vítimas durante um longo percurso de superação.

Já existem instituições públicas e privadas que estão se colocando à disposição desse serviço, algumas com a colaboração de estudantes e estagiários. Nessa mesma linha, o Instituto de Psicologia Prof. Jorge Trindade, por mim coordenado, vem oferecer, nos limites de sua atuação, uma colaboração gratuita dentro das normas éticas que a profissão exige, propondo-se a atuar no cumprimento da responsabilidade social, com base nos princípios de promoção da saúde e da qualidade de vida.

(Jorge Trindade, psicólogo clínico e advogado. Doutor em Psicologia. Doutor em Ciências Sociais. Professor na Universidade Fernando Pessoa)

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