Em meio ao feriado de Corpus Christi, nesta quinta-feira (11), o governador gaúcho Eduardo Leite anunciou uma série de ajustes no “distanciamento controlado” em vigor no Rio Grande do Sul, que utiliza bandeiras coloridas para indicar a situação epidemiológica de cada região do mapa. “O objetivo é reduzir os riscos de esgotamento do sistema de saúde, garantir maior segurança aos gaúchos e ampliar a adesão às medidas”, frisou.
A estratégia, implementada desde o dia 10 de maio em todo o Rio Grande do Sul, recorre a dados técnicos e científicos para definir diferentes níveis de riscos (traduzidos nas flâmulas amarela, laranja, vermelha e preta). Com isso, avança ou recua em restrições na proporção, momento e local em que forem necessárias, com protocolos para cada atividade econômica, conforme a zona do Estado.
Foram feitos três conjuntos de ajustes: mudança no ponto de corte de sete indicadores, alteração em indicadores e modificação e adoção de dois gatilhos de segurança. Conforme o chefe do Executivo, as mudanças que estão sendo adotadas e serão levadas em consideração na rodada deste sábado (13):
“Estamos agora na quinta semana do distanciamento controlado, um modelo inovador que faz essa conciliação da prioridade de preservação à vida com a retomada econômica responsável”, reiterou. “Não se comprometeu a segurança até agora, mas daqui para frente entendemos que é necessário um maior estreitamento para mudanças de bandeiras, a fim de que possamos agir no momento necessário, com mais restrições, para evitar que haja perda de controle e colapsos.”
Entenda o que muda
– Mudança no ponto de corte de indicadores por tipo de medida: o objetivo é reforçar a antecipação dos efeitos da pandemia e a segurança da população. Com base em diversas simulações de cenários, percebeu-se que as bandeiras estavam demorando muito para sinalizar piora de indicadores.
Assim, os pontos de corte se tornam mais estreitos e refletem melhor a realidade, conferindo maior segurança ao modelo, que se torna mais sensível a mudanças para garantir o atendimento no futuro. As mudanças serão feitas nos pontos de corte dos indicadores, como velocidade do avanço da doença, incidências de novos casos e mudança da capacidade de atendimento.
– Alteração nos indicadores de óbito por Covid-19, Ativos/Recuperados e número de leitos de UTI livres (Macrorregião e Estado):
o indicador de óbitos por Covid-19 a cada 100 mil habitantes mostra a evolução da doença com defasagem, uma vez que um óbito reflete o adoecimento de semanas atrás.
O indicador é válido para mostrar a realidade atual, mas não antecipa, e o objetivo do Distanciamento Controlado é também prever deterioração, de modo que medidas possam ser tomadas com antecedência para que as UTIs não cheguem ao limite de atendimento.
Sendo assim, o cálculo deixa de utilizar o número de óbitos ocorridos na semana de referência e passa a utilizar projeções para os próximos 14 dias, com base na variação de pacientes confirmados para Covid-19 em leitos de UTI e no número de óbitos acumulados na semana de referência.
Já o indicador de Estágio da Evolução passa a considerar todos os casos ativos na semana de referência em relação aos recuperados nos 50 dias anteriores ao início da semana. Ao considerar um período maior de tempo, amenizam-se os efeitos da defasagem entre a data do início dos sintomas e a inclusão dos casos confirmados.
A razão de ocupação de leitos de UTI por Covid-19, por sua vez, determina que capacidade de atendimento seja avaliada com base na razão entre a quantidade de leitos de UTI livres e o número de leitos de UTI ocupados por pacientes de Covid-19. A proposta vale para os indicadores que avaliam a capacidade do Estado e das macrorregiões, que antes levava em consideração o número de leitos de UTI livre para cada 100 mil idosos.
– Gatilhos de segurança: será reduzido de cinco para três o número de hospitalizações registradas nos últimos 14 dias como “trava” para deixar a bandeira da semana anterior. A mudança torna a redução de bandeira mais cautelosa, já a partir deste sábado. O máximo de novos casos de hospitalização por Covid-19 que a região poderá observar para reduzir a bandeira é de três. Antes, o limite era de cinco.
Além disso, se uma região atingir bandeira final vermelha ou bandeira preta, será preciso duas semanas consecutivas com bandeiras menos graves para que a região possa obter redução na classificação de risco. Isso trará maior segurança para caracterizar a efetiva melhora nas condições de uma região.
(Marcello Campos)