Segunda-feira, 18 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 27 de julho de 2016
Meios de comunicação franceses como a rede BFMTV ou os jornais Le Monde e La Croix decidiram deixar de publicar fotografias dos autores de atentados “para evitar eventuais efeitos de glorificação póstuma” e para “não colocar vítimas e terroristas no mesmo nível”.
“Após o atentado de Nice, não publicaremos mais fotografias dos autores de massacres para evitar eventuais efeitos de glorificação póstuma”, declarou o diretor do Le Monde, Jérôme Fenoglio, em um editorial nesta quarta-feira, referindo-se ao atentado reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico que deixou 84 mortos e 300 feridos em Nice, no Sul do país, no dia 14 de julho.
“Não se deve esconder os fatos ou a trajetória dos assassinos, e por isso não somos favoráveis a manter seu anonimato, mas suas fotos não servem para descrever sua trajetória”, explicou Fenoglio à AFP.
“Tomamos a decisão ontem à noite de não divulgar mais fotos de terroristas até nova ordem”, anunciou à AFP Hervé Béroud, diretor de redação da BFMTV.
“A foto tem um caráter simbólico e emblemático” e “pode colocar no mesmo nível vítimas e terroristas”, acrescentou Béroud à AFP, esclarecendo que seguirão informando o nome dos autores dos atentados.
Por sua vez, o redator-chefe do jornal católico “La Croix”, François Ernenwein, disse à AFP que só publicará o nome e a inicial do sobrenome (do autor do atentado), e não a foto.
A emissora de rádio Europe 1 também anunciou que deixará de “citar os nomes de terroristas em transmissões”. Já o jornal progressista “Libération” não compartilha esse ponto de vista. Segundo o diretor-adjunto do jornal, Johan Hufangel, manter no anonimato os autores não é uma posição sustentável.
“Imaginem um artigo com os irmãos SA e BA, AA, FAM”, declarou à AFP, ressaltando que “o debate sobre a utilização da foto no jornal e no site do ‘Libération’ é constante desde a existência do jornal”.
“Publicar fotos de terroristas e glorificá-los não é a mesma coisa. A Dabiq [revista do Estado Islâmico] glorifica”, acrescentou.
A cidade francesa de Cannes, conhecida por seu passeio marítimo e seu festival de cinema, anunciou nesta quarta-feira a proibição de bolsas grandes em suas praias para evitar o risco de atentados.
O prefeito David Lisnard indicou no comunicado que a proibição será aplicada em todo o litoral do município até o dia 31 de outubro.
Ficam assim proibidas as mochilas, maletas e outros tipos de bagagem que possam ocultar materiais perigosos, armas ou artefatos explosivos. (AFP)