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Para o governador Eduardo Leite, a suspensão do pagamento da dívida do Estado com o governo federal não será suficiente para lidar com os impactos dos temporais

Chefe do Executivo gaúcho citou perda de até R$ 10 bilhões em arrecadação. (Foto: Mauricio Tonetto/Secom)

Em Brasília, onde se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nessa quarta-feira (5), o governador Eduardo Leite disse que a suspensão da dívida do RS com a União por três anos, proposta pelo governo federal e aprovada pelo Congresso Nacional, não será suficiente para que o Estado possa enfrentar os impactos dos temporais.

Leite afirmou que pediu a Lula ajuda federal para amenizar as perdas com arrecadação decorrentes da redução da atividade econômica.

“A gente entende que esteja falando de algo em torno de R$ 6 bilhões a R$ 10 bilhões até o final deste ano em termos de queda de arrecadação do Estado e dos municípios que precisaria ser suportado pela União, como foi na pandemia, porque é o ente que tem capacidade porque pode emitir dívida, porque tem fôlego financeiro para poder atender essas necessidades”, disse.

O governador explicou que o recurso economizado com a suspensão da dívida com a União será todo aplicado em medidas de reconstrução do Estado. No entanto, a perda de arrecadação impacta na prestação de serviços do dia-a-dia.

Segundo ele, sem a recomposição, há o risco no futuro de atraso de salário de servidores ou de redução da prestação de serviços públicos.

“A gente teve a suspensão da dívida, mas a suspensão da dívida é toda canalizada para reconstrução. Eu tenho um fundo constituído para reconstrução com recurso da suspensão da dívida, que eu vou depositar nesse fundo. De outro lado, na minha arrecadação vou ter queda forte que vai me atrapalhar prestação de serviços e outros investimentos que são também importantes”, declarou.

Ele afirmou ainda que o Estado e os municípios gaúchos poderão perder até R$ 10 bilhões em arrecadação com impostos neste ano de 2024.

Os temporais do mês passado mataram 172 pessoas, deixaram centenas de milhares de pessoas desabrigadas e afetaram maior parte da indústria gaúcha.

Redução de jornadas e salários

Leite também defendeu a criação de um programa de redução de jornadas e, proporcionalmente, de salários, a exemplo do que ocorreu na pandemia da covid, para evitar demissões.

O pedido foi apresentado no mês passado ao governo federal por dirigentes da indústria gaúcha. Na pandemia, o governo federal pagou um benefício aos trabalhadores que tiveram jornada de trabalho reduzida.

Lula 

Essa foi a primeira viagem de Leite a Brasília desde a tragédia climática. Além de Lula, o governador foi recebido pelos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco.

O governador esteve na capital na véspera da 4ª visita de Lula ao Rio Grande do Sul. O presidente irá nesta quinta (6) ao Vale do Taquari, uma das regiões mais afetadas pelas enxurradas. Segundo o governo, Lula terá encontros com prefeitos e outras autoridades e visitará áreas atingidas.

O presidente visitará o bairro Passo de Estrela, em Cruzeiro do Sul, no qual 650 moradias foram destruídas. Ele também irá ao municípios de Arroio do Meio para observar a cozinha solidária do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB).

“Carona”

Eduardo Leite não teve uma audiência reservada com Lula no Planalto nessa quarta. O presidente se reuniu com todos os governadores presentes nos anúncios referentes ao Dia do Meio Ambiente.

Leite aproveitou o encontro coletivo para entregar a Lula os pedidos de recomposição de receita e de manutenção de empregos. O governador espera discutir o tema com o presidente nessa quinta e informou que irá de carona com Lula no avião presidencial até o Rio Grande do Sul.

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