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Para o presidente da Câmara dos Deputados, o procurador-geral da República está “desesperado atrás de provas”.

CUNHAé alvo da operação que investiga irregularidades na Petrobras

Eduardo Cunha afirmou que nenhum material foi recolhido em seu gabinete (Foto: Agência Câmara)

A Procuradoria-Geral da República recebeu, na noite desta quarta-feira (06), os documentos obtidos na Câmara dos Deputados após as diligências solicitadas pelo órgão no inquérito do qual o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é alvo. Para Cunha, as buscas demonstram “desespero” do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na tentativa de encontrar provas “para justificar algo que não aconteceu”.

“É uma tentativa de procurar prova para justificar algo que não aconteceu. São circunstâncias que mostram o desespero do procurador de tentar encontrar alguma coisa que possa tentar me incriminar”, afirmou Cunha. O ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou na segunda-feira as diligências pedidas pela Procuradoria. O pedido e a decisão são sigilosos e tanto o STF quanto a Procuradoria não quiseram comentar o teor do que foi solicitado.

Procuradores, técnicos de informática e um oficial de Justiça do STF estiveram na Câmara entre a noite de segunda e a tarde de terça-feira em busca de documentos que podem trazer novas pistas sobre o envolvimento de Cunha no esquema que desviou recursos da Petrobras. Os investigadores buscavam informações sobre dois requerimentos feitos na Câmara em 2011, de autoria da ex-deputada federal Solange Pereira de Almeida (PMDB-RJ), hoje prefeita da cidade de Rio Bonito (RJ).

A suspeita, com base em depoimento do doleiro Alberto Youssef, um dos delatores da Lava-Jato, é de que as representações tenham sido arquitetadas por Cunha. O doleiro disse ao Ministério Público que o presidente da Câmara seria um dos beneficiários das propinas vindas do esquema envolvendo um contrato de aluguel de um navio-plataforma das empresas Samsung e Mitsui. Ele teria encomendado os pedidos de auditoria dos contratos entre Mitsui, Samsung e Petrobras como uma “ameaça”, após o pagamento de propina ter sido suspenso.

Cunha, que tem negado qualquer favorecimento no esquema, afirmou que nenhum material foi recolhido em seu gabinete. Ele disse ter ordenado que se “facilitasse” o acesso dos policiais federais à Casa. “O que foi feito aqui é absolutamente desnecessário. Não precisa ser feito isso. Bastava mandar um ofício, mandaria tudo que se pediu. Vir aqui buscar daquela forma o que vieram buscar. Bastava mandar um ofício. Não precisava de nada disso”, afirmou.

Na tarde desta quarta-feira, a defesa do presidente da Câmara pediu ao STF o acesso ao teor dos dados coletados. Ele também solicitou o acesso ao pedido da Procuradoria para a realização das diligências e à íntegra da decisão do ministro Zavascki que autorizou a coleta. (AE)

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