Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 9 de julho de 2017
Com a situação política se deteriorando, ameaças de debandada da base de apoio ao governo no Congresso Nacional e até movimentações de aliados indicando apoio ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em uma eventual substituição no Palácio do Planalto, o presidente Michel Temer disse a interlocutores que “vai até o fim”.
Essa mensagem de disposição – ou mesmo a certeza pessoal – tem sido ressaltada em conversas com aliados e articuladores. Como na última quarta-feira, durante uma reunião ministerial convocada de última hora. Ou então no dia seguinte, antes do embarque do peemedebista para a Alemanha, onde participou da cúpula do G20 (o grupo das 20 maiores economias do planeta).
Temer é o primeiro presidente da República denunciado no Brasil ao STF (Supremo Tribunal Federal) no exercício do cargo. A acusação é de corrupção passiva. No entanto, para manter o seu discurso otimista em meio a toda essa crise política (que se intensificou com a revelação do conteúdo da delação premiada de executivos do conglomerado empresarial JBS/Friboi), ele tem se apoiado em aspectos da agenda econômica, um dos mais polêmicos “cavalos-de-batalha” de sua gestão. A ideia principal é trabalhar uma pauta positiva no Senado durante esta semana, estratégia que inclui a votação do projeto da reforma trabalhista.
Definições
Os próximos dias serão decisivos para Temer. No sábado, assim que retornou do país europeu, ele avisou que pretendia se reunir com ministros e líderes de bancadas – neste domingo, ele recebeu no Palácio do Jaburu (a sua residência oficial em Brasília) os presidentes do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE) e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O objetivo é definir estratégias para assegurar a adesão do maior número possível de deputados federais nas votações da denúncia contra ele na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e no plenário da Câmara. Para isso, o peemedebista deve telefonar para cada um dos deputados, a fim de convencer até mesmo quem já sinalizou votar a favor da admissibilidade da denúncia.
Articulação
Fontes do Palácio do Planalto asseguram que o Temer conta com votos suficientes para impedir o prosseguimento da ação proposta contra ele pelo titular da PGR (Procuradoria-Geral da República), Rodrigo Janot. No entanto, um temor ainda ronda o alto escalão do Executivo federal: as tradicionais “traições”.
Enquanto as atividades mais relevantes da Câmara dos Deputados estão paralisadas, à espera da votação sobre a denúncia, Temer pretende lançar mão de temas de grande relevância e repercussão – tais como a aprovação da reforma trabalhista e o anúncio do Plano Safra de 2018, previstos para esta terça-feira – para vender ao País a ideia de normalidade.