Quarta-feira, 02 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 1 de abril de 2025
Chanceler do Paraguai, Rubén Ramírez (C), em coletiva de imprensa sobre suposta invasão da Abin a sistemas paraguaios
Foto: ReproduçãoO governo do Paraguai anunciou, nesta terça-feira (1º), que convocou o embaixador do Brasil no país, José Antônio Marcondes, para cobrar explicações sobre o suposto monitoramento da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) a sistemas do governo paraguaio.
Um funcionário da Abin afirmou em depoimento à PF (Polícia Federal) que a atual gestão da agência teria mantido operações de invasão hacker a sistemas do governo do Paraguai e de autoridades envolvidas nas negociações da usina de Itaipu.
O governo está em fase de negociações como país vizinho sobre o Anexo C, uma parte do acordo de construção da Usina de Itaipu que define as condições de comercialização da energia gerada.
Em coletiva de imprensa, o chanceler do Paraguai, Rubén Ramírez, afirmou que as autoridades do país classificam o tema como “delicado” e disseram que o Brasil precisa explicar qual foi o resultado da interferência.
“Convocamos o embaixador do Brasil no Paraguai, José Antônio Marcondes, para que ele ofereça explicações detalhadas sobre a ação de inteligência conduzida pelo Brasil, mediante a entrega de uma nota oficial que explique detalhadamente as ações desenvolvidas no marco dessa ordem, que foi colocada em prática pelo governo do Brasil”, afirmou o chanceler paraguaio.
O líder da equipe técnica paraguaia que toca as negociações com o Brasil no âmbito do acordo de Itaipu, ministro de Indústria e Comércio, Javier Giménez García de Zúñiga, afirmou que os debates sobre o tema estão suspensos até que a questão seja esclarecida.
“Está claro através do comunicado do governo brasileiro de que houve uma ordem para a Abin realizar essas medidas de inteligência. O governo do Paraguai está pedindo explicações. Ao mesmo tempo que se suspendem de forma indefinida as negociações do anexo C porque temos que restituir aquilo que é fundamental para a relação que é a confiança.”
Monitoramento da Abin
A Polícia Federal instaurou inquérito nesta segunda-feira (31) para averiguar eventual vazamento de informações da investigação que apura estrutura paralela existente na Abin, que teria utilizado ferramentas e serviços da agência para a prática de ações ilícitas.
No depoimento, o funcionário da Abin afirmou que a atual gestão da agência manteve operações de invasão hacker a sistemas governamentais do país vizinho, inclusive do Congresso, da Presidência da República e de autoridades envolvidas nas negociações da usina de Itaipu.