Quinta-feira, 13 de março de 2025
Por Redação O Sul | 22 de março de 2023
Nesta semana, montadoras precisaram parar a produção e colocar funcionários em férias coletivas
Foto: Volkswagen/DivulgaçãoMesmo com os estoques de veículos reforçados, as montadoras não devem reduzir – ao menos no curto prazo – os preços dos carros novos no Brasil, de acordo com especialistas.
Nesta semana, Volkswagen, GM, Stellantis, Mercedes-Benz e Hyundai precisaram parar a produção e colocar funcionários em férias coletivas, enquanto as vendas de automóveis registram desaceleração. As montadoras dizem que estão ajustando a produção à nova demanda do mercado, que caiu com o aumento dos juros e encarecimento dos financiamentos.
O excedente de produção, em tese, deveria criar novas condições para a comercialização de veículos – a famosa lei da oferta e demanda –, mas analistas dizem que as montadoras não podem abrir mão das margens de lucro por conta do momento difícil que viveram durante a pandemia de Covid-19.
Com custo de produção em alta devido aos entraves logísticos e à falta de matéria-prima durante os últimos anos, as empresas precisam recuperar o “dinheiro perdido”. Ainda que as cadeias logísticas tenham melhorado em 2022, houve a guerra na Ucrânia, que trouxe novos impactos nos preços de commodities necessárias para a indústria.
É o caso de metais usados em semicondutores, peças responsáveis pela condução das correntes elétricas. São chips indispensáveis para a montagem de automóveis e eletroeletrônicos — que também tiveram aumento de demanda durante a pandemia.
Além disso, o mercado está em momento de alta competitividade, já que as montadoras correm contra o relógio em busca de desenvolver veículos que funcionem com novas matrizes energéticas, por exemplo. A eletrificação da linha demanda investimentos em pesquisa e eficiência, para que o produto final tenha preço competitivo dentro do mercado.
“As montadoras precisam gerar rentabilidade para fazer frente ao desafio de investimentos de conectividade e motorização”, disse Antônio Jorge Martins, professor de mercado automotivo da Fundação Getulio Vargas.
“A única possibilidade de redução de preços é uma redução nos custos. Tanto de peças, componentes, semicondutores, logística e até a desvalorização cambial. Basicamente, todos esses fatores teriam que caminhar nessa direção para uma mexida de preço”, explicou.