Quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 6 de julho de 2024
Um parapentista brasileiro morreu em um acidente durante um salto no norte do Paquistão. O acidente aconteceu na segunda montanha mais alta do mundo, o K2. Rodrigo Chaddad Raineri, de 55 anos, era morador de São Pedro, no interior de SP.
Ele integrava um grupo de sete pessoas que seguiam para o acampamento base do K2, mas foi o único que decidiu praticar parapente. O paraquedas teria se rompido, o que causou a queda, informou à agência de notícias AFP o porta-voz da polícia local, Muhammad Nazir, de Shigar, área do acidente.
A equipe também incluía duas pessoas da França, duas dos Estados Unidos, uma da Bulgária e uma da Suíça. O corpo de Rodrigo foi recuperado e será repatriado ao Brasil após contato com a família.
Três alpinistas japoneses morreram em dois incidentes no início da temporada de escalada.
Apaixonado por esportes
Rodrigo era natural de Ibitinga (SP), mas morava em São Pedro, na região da Serra do Itaqueri. Ele costumava postar nas redes sociais a rotina nos esportes de aventura. Tinha um perfil com 11 mil seguidores no Instagram, onde compartilhava fotos e vídeos dos saltos.
Em seu perfil, se descrevia como apaixonado por viagens, natureza e tecnologia. Há três dias, ele postou um vídeo de outro salto, também no Paquistão, e disse que o K2 era o próximo destino do grupo.
Escalador completo
Rodrigo Raineri era considerado um escalador “completo” e estava entre os alpinistas mais técnicos do Brasil, com experiência de mais de 30 anos e atuação em rocha, gelo e alta montanha, como é descrito no site profissional do atleta.
Ele liderou centenas de expedições pelo mundo. Foi o primeiro brasileiro a escalar três vezes o Monte Everest. Raineri se tornou o único brasileiro a guiar expedições aos sete Cumes, projeto que abrange escalar as mais altas montanhas de cada continente em 2016.
Completou a 6ª expedição à montanha mais alta do planeta, em 2019, com mais de 8,8 mil metros de altitude.
Na companhia de Vitor Negrete, formou a única dupla brasileira a escalar a Face Sul do Aconcágua, topo mais alto das Américas, a 6.962 metros de altitude, com subida considerada uma das difíceis do mundo. A conquista é um marco no montanhismo brasileiro.
Com o parceiro, também escalou o Aconcágua durante inverno de -30ºC. Durante a subida, enfrentaram uma tempestade de neve.
Em 2013, realizou uma de suas expedições ao topo da maior montanha do mundo, o Everest, na Ásia. Foram 67 dias de expedição. Utilizou uma máscara de oxigênio durante a subida. A temperatura chegou a -29ºC, com sensação térmica de -50ºC.
“Chegar no cume do Everest é sempre uma sensação indescritível, muito bom. Eu acho que a gente buscando grandes conquistas, realização de sonhos, a gente tem mais motivação para viver”, comentou Rodrigo à época.
Formação
Formado em Engenharia de Computação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Raineri também era diretor de uma empresa de turismo, além de palestrante e consultor.
O atleta somava mais de 1,8 mil palestras sobre temas motivacionais, além de áreas como segurança do trabalho, cultura e educação.
Ainda ministrava cursos de escalada e resgate, dos básicos aos mais avançados, e liderou mais de uma centena de expedições no mundo todo.
Rodrigo assina os livros “No Teto do Mundo” e “Imagens do Teto do Mundo”.
Em 2015, organizou uma campanha de doações de roupas e alimentos para ajudar vítimas de um terremoto no Nepal, que deixou mais de 5 mil mortos. Naquela época, o montanhista brasileiro já tinha viajado mais de 15 vezes para o país.