Pela primeira vez no Rio Grande do Sul, produtores de soja vão poder fazer testes de produtividade com base em análises biológicas e químicas do solo. Os testes utilizam sequenciamento de DNA de bactérias e fungos presentes na terra e análises de inteligência artificial como aliados do manejo.
As inscrições, gratuitas, estão abertas e fazem parte de um projeto chamado Agrega Biome Solo – parceria do DDPA (Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária) da Seapdr (Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural) com as empresas Agrega e Cognitiva Brasil.
“Fazemos o sequenciamento dos microorganismos do solo e nesta análise de dados se correlaciona com outros dados do plantio: se houve doenças, se foram aplicados agroquímicos e quanto foi a produtividade”, informa a pesquisadora Adriana Ambrosi, doutora em genética pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e uma das sócias da Agrega, startup instalada na Incubadora do Centro de Biotecnologia da UFRGS.
“A população microbiana é considerada mais sensível ao manejo do que os parâmetros químicos e físicos de solo. A expectativa é de que o conhecimento sobre a microbiologia dos solos, associada aos dados químicos e de produtividade da cultura, permitam prever, com boa exatidão, a produtividade das áreas”, explica o doutor e pesquisador Luciano Kayser Vargas, do DDPA.
Ainda conforme ele, método semelhante já está disponível para a saúde humana, com a finalidade prever doenças a partir da análise de microbiomas (conjunto de microrganismos) da garganta ou do intestino.
“A nossa expectativa é obter um resultado semelhante ao realizado nos Estados Unidos, que teve exatidão de 80% na produtividade da soja, de modo que o produtor possa buscar, se necessário, formas de melhorar seu solo do ponto de vista microbiológico”, afirma o pesquisador.
A empresa irá disponibilizar um kit para amostragem do solo, no qual o produtor colocará uma porção do solo, que ficará estabilizado até chegar ao laboratório. A partir daí, será feita uma extração do DNA presente na terra, com o uso de um kit comercial padrão.
O DNA será amplificado e sequenciado em uma plataforma que permite a identificação de milhões de sequências ao mesmo tempo. Essas sequências serão analisadas para saber quais são os microrganismos presentes no solo e em que quantidades.
De acordo com Adriana, depois de rodar esta primeira fase, é possível ter um preditor de produtividade para que o agricultor de soja do Rio Grande do Sul possa saber de antemão quais áreas da sua propriedade merecem uma atenção especial no manejo na próxima safra, por ter uma predição de produtividade mais baixa.