Em um combate parelho, decidido apenas no terceiro round, a brasileira Bia Ferreira foi derrotada pela irlandesa Kelllie Harrington por decisão dividida na semifinal do peso-leve (até 60 quilos) do torneio de boxe feminino dos Jogos Olímpicos de Paris (França), na tarde desse sábado (3), e garantiu a medalha de bronze.
Apesar de se esforçar demais diante da adversária que a derrotou na decisão dos Jogos Olímpicos de Tóquio (2020), a baiana acabou superada pela irlandesa, que mostrou superioridade desde os primeiros momentos do combate.
“Foi uma grande luta. Demos um espetáculo. Infelizmente, não foi o resultado que eu queria. Não tem muito tempo para lamentar. Não encerrei no boxe olímpico como queria, que era com chave de ouro, todo mundo sabe disso. Eu vim para cá com um grande objetivo que era estar em mais uma final. Consegui completar um pouco da missão e ter uma outra medalha. Missão metade realizada com sucesso. Eu perdi para a atual campeã olímpica. Não é qualquer pessoa. Sabia que seria um combate difícil. Entreguei o que tinha para entregar. Eu sei que podia fazer muito melhor. Não tem muito o que lamentar. Infelizmente não deu. Desculpa ter decepcionado alguém, mas quem mais queria era eu”, declarou a brasileira, que agora se dedicará apenas ao boxe profissional.
A a atual campeã mundial pela Federação Internacional de Boxe (IBF) garantiu a medalha de bronze mesmo com o revés para Kelllie Harrington porque não há disputa pelo terceiro lugar no boxe olímpico, com os dois perdedores das semifinais conquistando medalhas.
Pressão psicológica
À imprensa, o técnico do boxe, Mateus Alves, disse que o Brasil “sentiu o psicológico” e reclamou da campanha. “Uma medalha para mim é muito pouco. Eu não vou aceitar o Brasil perder um gol, isso é uma b*sta. Eu tenho que assumir a culpa como head coach”, declarou.
Ele salientou que o Time Brasil fez um ciclo impecável e que foi campeão em todos os torneios por equipe nos últimos tempos, como o Panamericano e o Continental, além de quatro medalhas mundiais.
“Então, se o time faz isso em três anos, tem que cumprir nos Jogos Olímpicos. A equipe sucumbiu à pressão psicológica. Eu estou totalmente insatisfeito com a equipe masculina. A Bia fez a parte dela, mas também sentiu hoje muita pressão e não lutou o 100%. Esse não é o 100% da Bia”, afirmou.
Segundo Alves, Jucielen Romeu “tem que garantir essa segunda medalha”. “Ou ganha, ou ganha. Tem que sentar agora, reavaliar, ver o que aconteceu porque é uma equipe que ganha quatro medalhas mundiais, ganha o Panamericano em cima de Cuba e Estados Unidos com o time completo. Não pode chegar aqui e não atirar golpe em cima do ringue, não pode. O boxe não pode vir para cá e pegar um bronze e achar que foi bom. Isso aí é uma outra geração. A gente tinha que pegar pelo menos duas medalhas aqui e ainda pode ser buscado”.