Sábado, 19 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 14 de outubro de 2018
Diante da falta de abrigos na capital francesa, Paris decidiu abrir as portas da prefeitura da cidade para os sem-teto da cidade durante o inverno. A decisão foi tomada pela prefeita Anne Hidalgo, que fez o anúncio em uma entrevista ao “Journal du Dimanche” neste domingo (14).
Serão instaladas camas, dormitórios e banheiros
Segundo a prefeita, mulheres sem-teto, vítimas frequentes de violência na rua, serão o alvo da medida. Dois salões do prédio histórico situado em Hotel de Ville, no 3° distrito da capital, serão transformados em abrigos temporários, onde de 50 a 100 pessoas poderão passar a noite. Serão instaladas camas, dormitórios e banheiros.
Subprefeituras da cidade, de direita ou esquerda, adotaram a ideia
De acordo com Anne Hidalgo, várias subprefeituras da cidade, dirigidas por partidos de direita ou esquerda, adotaram a ideia. Mais de 3.000 pessoas vivem nas ruas de Paris, segundo um censo realizado em fevereiro deste ano.
Desde então, 800 abrigos de urgência foram abertos na capital, e outros 700 devem ser inaugurados até o início de 2019. “O Estado agora deve se encarregar de abrir outros albergues”, disse a prefeita de Paris, que também vai solicitar imóveis vazios e outros que pertencem à cidade.
Prefeitura pede que empresas cedam locais
Anne Hidalgo também fez um apelo para que as empresas colocassem à disposição da população mais pobre locais que estão desocupados e que o governo investisse em um verdadeiro centro de recepção para os desabrigados. No fim de março, uma estrutura parecida fechou as portas em La Chapelle, no Centro da cidade.
Pobreza
A quantidade de gente que vive abaixo da linha de pobreza na França aumentou em 628 mil na última década, conforme o primeiro relatório do Observatório das Desigualdades dedicado à pobreza do país.
Em 2006 a França tinha 4,4 milhões de pessoas pobres e em 2016 esse número passou para 5 milhões, o que se traduziu no aumento do índice de pobreza de 7,3% para 8%. O levantamento traz exemplos práticos dessa situação e revela que 7,6% da população declarou não poder comprar um segundo par de sapatos, enquanto 4,8 milhões de pessoas tiveram que recorrer a ajuda alimentar em 2015.
Por outro lado, no mesmo período, a riqueza nacional cresceu em 170 bilhões de euros (R$ 716 bilhões), o equivalente a 7%.
“Não é um paradoxo. É a consequência de uma distribuição de renda desigual”, afirmou o presidente do Observatório das Desigualdades, Noam Leandri. Conforme o estudo, a situação melhorou a partir de 2011, quando começou uma queda no número de pobres que, nos cinco anos seguintes, se traduziu em uma redução de 106 mil.
O Observatório situa na linha de pobreza pessoas que vivem com 855 euros líquidos por mês (aproximadamente, R$ 3.500), o equivalente à metade do salário médio do país. Outros relatórios situam a linha de pobreza em 60% do salário médio, que na França equivaleria a 1.026 euros (R$ 4.300) líquidos mensais.