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Paris vive dia de caos, com manifestantes e policias se enfrentando nas ruas

Governo francês está irritado após perder contrato bilionário para fornecer submarinos aos australianos. (Foto: Reprodução)

Um protesto que começou pacífico em Paris para denunciar a violência policial e a controversa Lei de Segurança Global do presidente Emmanuel Macron terminou em confronto. Manifestantes encapuzados lançaram projéteis contra a tropa de choque, quebraram vitrines, incendiaram carros e queimaram barricadas. Ao menos seis carros e um caminhão estacionados ao longo de uma avenida do 20º distrito foram incendiados. A polícia respondeu com bombas de gás lacrimogêneo, e, em toda a França, 64 pessoas foram detidas, segundo o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin.

O protesto se repetiu em várias cidades francesas, como Lille, Marselha e Lyon. Em Paris, ele começou com milhares de pessoas marchando pacificamente pela capital, com faixas que diziam “França, terra dos direitos da polícia” e “Retirada da lei de segurança”. Mas depois se transformou em um confronto aberto entre a polícia e grupos de manifestantes, a maioria vestida de preto e com o rosto coberto. Alguns usaram martelos para quebrar pedras de pavimentação, que eram lançadas contra os policiais. Segundo a polícia, cerca de “500 desordeiros” se infiltraram na manifestação.

De acordo com o jornal Le Monde, as manifestações pelo país reuniram mais de 52 mill pessoas; na capital, o número de manifestantes era cerca de 5 mil. “Estamos caminhando para uma limitação cada vez mais significativa das liberdades. Não há justificativa”, disse Karine Shebabo, moradora de Paris.

Outro manifestante, Xavier Molenat, disse que “a França tem o hábito de restringir as liberdades enquanto prega a importância desses mesmos direitos para os outros”. No Twitter, Darmanin condenou os atos violentos deste sábado (5). O próprio ministro foi alvo de reivindicações, com cartazes que pediam sua renúncia. “Os bandidos quebram a República. Apoiem os nossos policiais, mais uma vez atacados com muita violência. 64 prisões. Entre os feridos, oito [agentes da] forças de segurança. Sua coragem e sua honra impõem o respeito de todos”, escreveu Darmanin.

A França foi atingida por uma onda de protestos nas ruas depois que o governo apresentou um projeto de lei de segurança no Parlamento que visava aumentar suas ferramentas de vigilância e restringir os direitos de circulação de imagens de policiais na mídia e on-line. O projeto é parte do esforço de Macron para endurecer a lei e a ordem antes das eleições de 2022. Seu governo também disse que a polícia precisava ser melhor protegida do ódio na internet.

Mas o espancamento de um homem negro, o produtor musical Michel Zecler, por policiais, no final de novembro, intensificou a ira pública. O incidente veio à tona depois que imagens de um circuito fechado de televisão e vídeos gravados com telefones celulares circularam pela internet. Os críticos disseram que o projeto de lei tornaria mais difícil responsabilizar a polícia em um país onde alguns grupos de direitos humanos alegam a existência de racismo sistêmico dentro das agências de aplicação da lei.

Este é o segundo final de semana consecutivo de protestos. Na semana passada, as manifestações aconteceram em mais de 70 cidades no país e houve confrontos violentos entre manifestantes e policiais.

Em uma reviravolta no início desta semana, o partido do presidente Emmanuel Macron disse que iria reescrever parte do projeto de lei de segurança, depois que a proposta provocou uma forte reação entre o público e políticos de esquerda. Muitos opositores do projeto de lei dizem que ele vai longe demais, mesmo se for reescrito.

Macron reconheceu que pessoas não brancas têm maior chance de serem revistadas. Ele também anunciou que a França vai lançar uma plataforma on-line no próximo ano para que as pessoas sinalizem qualquer abordagem desnecessária da polícia e que câmeras corporais para policiais serão amplamente utilizadas a partir de junho.

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