Sábado, 12 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 11 de abril de 2025
Evidências apontam que os homens têm um risco duas vezes maior de desenvolver Parkinson ao longo da vida. Os motivos, no entanto, não são completamente desvendados. Mas um novo estudo, publicado na revista científica The Journal of Clinical Investigation, ajuda a responder. O motivo? Uma proteína “comum”, chamada PINK1.
De acordo com os cientistas, em condições normais, a PINK1 ajuda as células do cérebro a regular suas mitocôndrias — local de produção de energia. Contudo, em algumas pessoas o sistema imunológico ataca células cerebrais que utilizam essa proteína por confundi-la com um invasor, contribuindo para a inflamação e a morte dessas células.
Dessa forma, a equipe observou que os danos causados por esses ataques acontecem com maior frequência e de forma mais agressiva no cérebro dos homens do que das mulheres. As células T, ou linfócitos T, são as células que defendem o organismo de corpos considerados estranhos, e, por sua vez, são um sinal de que algo está errado.
Os homens diagnosticados com Parkinson tiveram um aumento de 6 vezes nas células T específicas de PINK1, em comparação com participantes saudáveis do estudo do sexo masculino. Já as mulheres com Parkinson mostraram apenas um aumento de 0,7 vezes nas células T específicas de PINK1, em comparação com participantes saudáveis do estudo do sexo feminino.
“As diferenças baseadas no sexo nas respostas das células T foram muito, muito marcantes. Essa resposta imune pode ser um componente do motivo pelo qual vemos uma diferença de sexo na doença de Parkinson”, diz o imunologista Alessandro Sette, do Instituto de Imunologia de La Jolla.
Um ponto importante é que o PINK1 não é o único fator considerado um “alvo” das células T em pessoas com a doença. Anteriormente, pesquisas já haviam mostrado que muitos pacientes com Parkinson têm células T que têm como alvo uma outra proteína chamada alfa-sinucleína. Isso é considerado um marcador da condição, por causar a inflamação do cérebro.
Porém, como nem todos aqueles diagnosticados apresentam essa resposta das células T à alfa-sinucleína, a equipe de cientistas iniciou uma nova busca por outras possíveis “vítimas” do sistema imunológico em pessoas com Parkinson. E, assim, descobriram a PINK1.
Os pesquisadores pretendem continuar a pesquisa em busca de mais respostas sobre os mecanismos ainda desconhecidos da doença.
“Precisamos expandir para realizar uma análise mais global da progressão da doença e das diferenças sexuais, considerando todos os diferentes antígenos, gravidades da doença e tempo desde o início da doença”, conclui Sette.
Nessa sexta-feira (11), foi celebrado o Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson. A maior atenção para a doença não é à toa: o diagnóstico vai afetar 25,2 milhões de pessoas em todo o mundo até 2050, um aumento de 112% em relação a 2021, segundo um estudo recente publicado na revista científica The BMJ.
É estimado também que a prevalência da doença de Parkinson em todas as idades chegará a 267 casos por 100 mil em 2050 (243 para mulheres e 295 para homens), enquanto a prevalência padronizada por idade deverá aumentar em 55%, para 216 casos por 100 mil.
O envelhecimento populacional será o principal impulsionador (89%) desse crescimento, seguido pelo crescimento populacional (20%), com padrões diferentes nos níveis regional e nacional. A maior parte dos novos casos ocorrerá em países do Leste Asiático (10,9 milhões), onde estão localizados Japão, China, Coreia do Sul, e Hong Kong, seguido pelo Sul da Ásia (6,8 milhões), região que abarca Bangladesh, Índia, Maldivas e Nepal. (Com informações do jornal O Globo)