Integrantes do PL têm celebrado publicamente os 510 prefeitos eleitos pelo partido no primeiro turno das eleições, mas, nos bastidores, admitem que o número veio abaixo do esperado. O presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, chegou a afirmar que o PL teria mais de mil prefeituras, o dobro do que foi conquistado.
Para a cúpula do partido, a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que proíbe o contato entre Valdemar e Jair Bolsonaro, teve peso para que os números fossem menores do que o projetado.
A avaliação na legenda é que Valdemar é a única pessoa que teria conseguido convencer o ex-presidente a gravar propaganda para mais candidatos e também participar de campanhas que ele ignorou. O próprio Valdemar chegou a fazer essa avaliação a correligionários da sigla, em mais de uma ocasião.
A principal queixa em relação a Bolsonaro é que ele só participou das agendas que queria, privilegiando mais sua afinidade pessoal com os candidatos do que os interesses políticos do partido. Em cidades como Curitiba, o ex-presidente jogou contra o PL, fazendo um vídeo com a candidata Cristina Graeml (PMB). Ela concorre com Eduardo Pimentel (PSD), que tem como vice Paulo Martins, da sigla de Bolsonaro.
A avaliação é que Valdemar era o único integrante do partido capaz de convencer o capitão a não adotar posturas similares à de Curitiba, que prejudicaram o PL nas eleições municipais.
Com o argumento de que os dois estão proibidos de falar entre si, surgiu a ideia de que o deputado federal Eduardo Bolsonaro pudesse ser o presidente da legenda. O plano já foi abortado.
Segundo turno
A sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro, é a legenda com maior número de candidatos que disputam o segundo turno nas eleições municipais de 2024. Das 52 cidades que irão voltar às urnas no último domingo de outubro (27), em 23, há um representante do PL. Desses locais, 12 candidatos foram os mais votados no primeiro turno e 11 ocupam a segunda posição. O segundo partido com o maior número de concorrentes nesse cenário é o PT, com 13 nomes, seguido do União Brasil, com 11, e da dupla MDB e PSD, cada sigla com 10.
O presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto comemorou os dez nomes apoiados pelo partido que passaram para o segundo turno das eleições municipais, em capitais. Ele credita o resultado à participação do ex-presidente Jair Bolsonaro. O dirigente também indicou que, caso deixe o cargo, prefere que ele seja ocupado pelo senador Rogério Marinho (PL-RN) e não pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Valdemar diz que os filhos do ex-mandatário se juntarão a ele, ao deputado Nikolas Ferreira e à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, em uma força-tarefa pelas cidades. Sem verba do fundo eleitoral, ele diz que o partido precisará de doações, mas diz que é hora de mostrar que a direita segue viva.
“Em São Paulo, foi tudo perfeito. Temos dez segundos turnos pela frente e vamos com tudo. Os filhos do Bolsonaro, a Michelle, o Nikolas, todos estarão juntos no objetivo de ter um resultado inédito. Se alguém considerava o Bolsonaro morto, está aí o resultado. Ele é um fenômeno de votos”, afirmou após a divulgação dos resultados.
Em relação à falta de verba do fundo eleitoral para o segundo turno, Valdemar afirma que as doações podem suprir a necessidade de recursos.
O desempenho dos candidatos do PL nas capitais no 1º turno superou as projeções feitas por Bolsonaro, principal nome da sigla. A expectativa do ex-mandatário era de ter correligionários disputando o segundo turno em quatro capitais (Fortaleza, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Manaus). A abertura das urnas neste domingo, porém, colocou nomes do PL disputando o segundo turno em seis capitais.