Sexta-feira, 18 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 10 de abril de 2025
Na tentativa de arrebatar o eleitorado lulista de olho nas eleições de 2026, o Partido Liberal (PL) dá início nesta sexta-feira (11) a uma série de viagens no Nordeste com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O pontapé será no Rio Grande do Norte, terra do senador Rogério Marinho, secretário-geral do partido, ex-ministro de Bolsonaro e idealizador da iniciativa.
A turnê começa por um evento em Pau dos Ferros, a cerca de 400 km de Natal, incluindo passagem por Acari e Jucurutu e pernoite em Tenente Ananias. No dia seguinte, o trajeto inclui Major Sales, Luís Gomes e Mossoró, antes de partir para o embarque em Fortaleza.
A tática do PL para conquistar a preferência de quem votou em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na última eleição passa por apresentar às populações locais obras iniciadas ou entregues pela gestão Bolsonaro (2019-22). A iniciativa faz parte do Rota 22, principal aposta de Marinho para ampliar o eleitorado bolsonarista.
A escolha de Pau dos Ferros como largada do roteiro obedece a essa lógica: o trajeto de Natal até o município de 30 mil habitantes na outra extremidade do Rio Grande do Norte prevê a passagem do ex-presidente pelas duas maiores obras no Estado com investimentos de seu governo: a Barragem de Oiticica, inaugurada por Lula no mês passado, e o Ramal do Apodi. Os dois projetos são associados à transposição do Rio São Francisco.
Outras lideranças do bolsonarismo, como parlamentares, o presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto, e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, devem participar de viagens posteriores pelo Estado. Em maio, os destinos devem ser Mossoró e Assu, em junho, Caicó e Santa Cruz, e em agosto, Natal e Nova Cruz.
Os bolsonaristas querem usar o Rio Grande do Norte como projeto-piloto, e replicar a turnê em outros seis Estados: três no Nordeste e três em outras regiões do País. Em cada território, o partido deve elaborar um relatório com diagnósticos locais para a eventual construção de programas de governo nas eleições do próximo ano.
A leitura dos bolsonaristas é que, apesar de a legenda ter apresentado mau desempenho no Nordeste em 2022 — enquanto o PT teve 50,90% contra 49,10% na disputa nacional contra o PL, o placar foi de 68,34% contra 30,66% nesses Estados —, agora é Lula quem enfrenta desafios na região. A pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta semana apontou para uma queda na aprovação do presidente em todas as regiões, inclusive a Nordeste, área que tradicionalmente deu apoio maciço ao petista.
Entre os eleitores nordestinos, o apoio a Lula caiu de 67% em dezembro para 59% em janeiro, e atingiu 52% em março. A desaprovação, por sua vez, era 32% no fim de 2024, e agora corresponde a 46% da população — um quase empate, algo que surpreendeu petistas. Os bolsonaristas querem aproveitar a crise para tomar parte do espólio.
“A região onde tivemos uma dificuldade maior nas últimas eleições foi justamente a Nordeste. Ocorre que a região está se desencantando com o governo do PT. Como é uma população com maior fragilidade do ponto de vista econômico e social, ela é mais suscetível a mudanças que a economia porventura apresenta”, diz Marinho, referindo-se às mudanças no câmbio e na inflação — o dólar encostou nos R$ 6 esta semana e os preços dos alimentos tem gerado desespero no Palácio do Planalto.
A região deve ser palco de outra pauta fundamental para o bolsonarismo: a anistia aos presos nos ataques de 8 de Janeiro aos Três Poderes em Brasília. “Não tem data marcada. A ideia é pegar uma cidade do Nordeste”, respondeu Bolsonaro ao ser questionado se haverá próxima manifestação pró-anistia, como a que houve em São Paulo no último domingo, 6, e no Rio de Janeiro no mês passado.
A ideia do PL com a turnê é aproveitar o contato com a população tanto para montar canais de comunicação via aplicativos de mensagem com o objetivo de capilarizar o conteúdo pró-Bolsonaro quanto para identificar potenciais candidaturas. O partido também deve contar com influenciadores locais durante a turnê para ajudar a divulgar a viagem de Bolsonaro de forma orgânica. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.