Quinta-feira, 06 de março de 2025
Por Redação O Sul | 22 de novembro de 2022
Os supostos problemas teriam sido registrados nos arquivos “logs de urna”.
Foto: Agência BrasilO PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, entrou nesta terça-feira (22) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com um pedido de verificação extraordinária do resultado do segundo turno das eleições. Sem apresentar qualquer prova de fraude, a sigla pediu a invalidação dos votos de mais de 250 mil urnas.
Foi entregue ao TSE um relatório que alega que as urnas anteriores ao modelo 2020, cerca de 60% do total utilizado no pleito, têm um número de série único, quando, na opinião da consultoria privada responsável pelo documento, deveriam apresentar um número individualizado, porque somente assim seria possível fazer uma auditagem.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, disse que os modelos antigos das urnas, anteriores a 2020, têm o mesmo número de identificação, o que impediria a fiscalização dos equipamentos. Essas mesmas urnas, porém, foram usadas nas eleições de 2018 sem qualquer contestação.
Todas as entidades fiscalizadoras, no entanto, atestam que a ausência desse número de série não significa que os resultados estejam comprometidos ou que não seja possível associar os boletins a cada urna, uma vez que esse dado não é a única forma de identificação, nem o que confere autenticidade ao equipamento de votação.
Cada urna eletrônica, mesmo as mais antigas, possui um certificado digital único que não se repete e é usado para assinar digitalmente os arquivos de cada dispositivo. Isso permite a verificação individual dos equipamentos e do sistema que é rodado nos aparelhos.
No relatório, o PL não solicita a invalidação das urnas usadas no primeiro turno, quando a sigla elegeu a maior bancada da Câmara dos Deputados (99 parlamentares), senadores (8), além de governadores 2 Estados. Na segunda etapa da eleição, os equipamentos utilizados foram os mesmos. Também foram os mesmos usados em 2018, quando Bolsonaro foi eleito presidente. À época não houve nenhuma contestação.
Todos os modelos de urnas utilizados no pleito deste ano passaram por mais de dez etapas de testes, de verificação e inspeções. Essas análises foram realizadas interna e externamente, envolvendo especialistas das mais diversas áreas e entidades. Após as eleições, entidades fiscalizadoras nacionais e observadores internacionais já atestaram a integridade e segurança das urnas e do sistema eleitoral.
Desde o ano passado, o presidente Jair Bolsonaro põe em dúvida o sistema eleitoral, mas nunca apresentou nem mesmo indícios do que afirma. Nos bastidores, o presidente diz ser vítima de uma “armação” da Justiça Eleitoral. Após a derrota para Lula, Bolsonaro se isolou no Palácio da Alvorada. Seus apoiadores, porém, têm bloqueado estradas e feito manifestações antidemocráticas em frente aos quartéis, com pedidos de intervenção militar.
Após receber a ação, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, determinou que em 24 horas a coligação de Bolsonaro apresente um relatório completo sobre as eleições. No despacho, Moraes destacou que as urnas foram usadas nos dois turnos das eleições e, portanto, o pedido do PL deveria abranger tudo. Se o partido não cumprir, a ação pode ser rejeitada pelo TSE.