O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, planejou uma ação política nas redes sociais usando a polêmica do Pix para desgastar o governo Lula. O vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que explorou politicamente a medida do governo que determinava o monitoramento de transações com Pix a partir de R$ 5 mil, fez parte dessa estratégia montada pela cúpula do partido com o marqueteiro Duda Lima.
Duda passou a dirigentes da cúpula do PL um roteiro para criticar a decisão do governo.
Foi de Duda, por exemplo, a ideia de enquadrar a medida como algo que poderia levar a uma tributação futura e atingir empreendedores individuais e trabalhadores informais – um segmento do eleitorado que votou em Bolsonaro.
No vídeo, Nikolas não chega a repetir a informação falsa de que o Pix seria taxado. Ou seja, não ecoa a fake news. Mas aproveita a polêmica gerada pelos boatos na internet para criticar o governo Lula. A informação foi publicada pelo jornal O Globo e obtida também pelo blog de Valdo Cruz, do portal de notícias G1.
Depois do recuo do governo, que revogou a instrução normativa da Receita Federal, Nikolas fez novo vídeo destacando que a “denúncia deles” deu certo e fez o governo Lula recuar.
Por sinal, dentro do governo, uma ala criticou a decisão de revogar a instrução normativa da Receita sobre o monitoramento, argumentando que passou a ideia de que o órgão estava errado, quando estava certo.
Assessores presidenciais chegaram a defender que o governo apenas editasse a medida provisória garantindo que o Pix jamais será tributado – e reafirmasse que o foco da Receita eram os sonegadores.
O ato da Receita, por sinal, elevava o valor a ser monitorado – passando de R$ 2 mil para R$ 5 mil – e incluía os bancos digitais e instituições de pagamentos na lista dos que são obrigados a enviar as informações para o Ministério da Fazenda.
Na quinta-feira (16), durante a cerimônia de sanção do projeto que regulamenta a reforma tributária do consumo, o presidente Lula evitou citar, no seu discurso de improviso, a polêmica do PIX.
Afirmou apenas que o governo não pode ter medo de enfrentar fake news.
O episódio gerou forte desgaste ao governo, que foi obrigado a revogar a decisão da Receita e a editar uma medida provisória para garantir que o PIX não será tributado no país.
“Nós não temos que ter medo de enfrentar a mentira. Não temos que ter nenhuma preocupação de enfrentar essas pessoas travestidas de políticos que, na verdade, tentaram dar um golpe neste país dia 8 de janeiro de 2022”, afirmou o petista durante a cerimônia.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, também não citou diretamente a polêmica do PIX, mas condenou os que divulgam desinformação, enquanto outros trabalham pelo país – um recado na direção do deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG), seu adversário em Minas Gerais e que publicou vídeos com cerca de 290 milhões de visualizações criticando o governo.
Pacheco, aliás, foi muito aplaudido em diversos momentos. Como na fala abaixo:
“Enquanto há muitas pessoas fazendo o discurso e tendo engajamento a partir da premissa falsa da desinformação e da inverdade, há pessoas trabalhando para que esse país possa superar as suas dificuldades com a solução da dívida dos estados, com a sanção do Propag e com um projeto como da reforma tributária. Portanto, há uma frase meio clichê, presidente Gleisi Hoffman, mas que ela calha muito nesse momento. Nada resiste ao trabalho e aqueles que trabalham vencerão aqueles que não trabalham e enganam a população brasileira”. As informações são do portal de notícias G1.