O governo Lula deu início às negociações da reforma ministerial e já despertou reações na Esplanada. Após um alerta de que pode perder o Ministério do Turismo para o PSD, o União Brasil montou uma operação para segurar Celso Sabino no comando da pasta. Os deputados da sigla, responsáveis pela indicação, preparam um abaixo-assinado em defesa de Sabino que será entregue ao ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Alexandre Padilha.
Para sinalizar que o partido deseja manter a pasta, o presidente nacional do União, Antonio de Rueda, escreveu uma nota nessa quinta-feira (23) recheada de elogios a Sabino pela posse do ministro como presidente do Conselho Executivo de Turismo da Organização das Nações Unidas (ONU). “Esse marco histórico é o reconhecimento do trabalho de excelência de Sabino à frente do Ministério do Turismo”, diz o documento, obtido pela Coluna do Estadão. Procurado, Rueda não comentou.
O Palácio do Planalto considera tirar Sabino do Turismo para acomodar o PSD, de Gilberto Kassab. Nesse desenho, o União seria deslocado para o Ministério da Ciência e Tecnologia, hoje comandado por Luciana Santos, do PCdoB.
O arranjo, ao qual o União resiste, agradaria à bancada do PSD na Câmara. Os deputados do partido de Kassab têm hoje o Ministério da Pesca, com André de Paula, mas reclamam que a pasta tem pouco peso político. O Turismo serviria, inclusive, para contemplar os parlamentares do PSD no Paraná, já que um dos principais destinos turísticos do País são as Cataratas do Iguaçu.
Impasse
Em outra frente, após mais um impasse no União Brasil, o Conselho Curador do partido aprovou nessa quinta-feira a prestação de contas da Fundação Índigo, presidida por Antonio Carlos Magalhães (ACM) Neto. O aval para a execução orçamentária do órgão havia travado em uma instância inferior de decisão da sigla, o Conselho Fiscal. Um ala da legenda chegou a pedir intervenção do Ministério Público Federal (MPF) e do Tribunal de Contas da União (TCU) no caso, como mostrou a Coluna do Estadão.
“Pela primeira vez na história da Fundação, apresentamos o planejamento frente à toda a bancada do partido na Câmara permitindo a contribuição de todos e ampliando a legitimidade das ações”, disse ACM Neto, na reunião, em referência às contas do órgão.
No Conselho Fiscal, presidido pelo deputado Elmar Nascimento (BA), não houve quórum mínimo para aprovar as contas. Dois membros do órgão, Rodrigo Gomes Furtado e Ricardo Motta Lobo, então, acusaram Elmar de ter decidido de forma monocrática levar o parecer para o Conselho Curador, que é presidido pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Mas a Fundação Índigo argumenta que, pelo estatuto da sigla, essa instância superior é que tem a palavra final.
Elmar, em conversa com a Coluna do Estadão, também rebateu a acusação e disse que cumpriu o procedimento padrão ao enviar o caso para o Conselho Curador. “Não considerei nem aprovadas as contas, nem desaprovadas”, afirmou, argumentando que não houve quórum para nenhuma decisão. (Estadão Conteúdo)