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Partido União Brasil racha sobre novo líder, amplifica crise com governo e pode pôr em risco pacote fiscal

Um grupo passou uma lista para impedir que o atual líder, Elmar Nascimento (BA), concorresse mais uma vez à reeleição. (Foto: Alex Ferreira/Câmara dos Deputados)

Em crise com o governo Lula (PT), mas ao mesmo tempo decisivo para a aprovação do pacote fiscal, o União Brasil está em pé de guerra para definir quem será o líder do partido na Câmara dos Deputados no próximo ano. Um grupo passou uma lista para impedir que o atual líder, Elmar Nascimento (BA), concorresse mais uma vez à reeleição. Uma reunião foi convocada às pressas e, em meio a gritaria e acusações, a eleição foi marcada para o próximo dia 18.

O líder é o responsável por falar em nome do partido e negociar os espaços e posições. Há quase dez nomes interessados na função, mas o grupo deve se afunilar em quatro nomes: Fernando Marangoni (SP), Pedro Lucas (MA), Mendonça Filho (PE) e Arthur Maia (BA). Os dois primeiros são mais governistas, enquanto os dois últimos são mais ligados à oposição.

O processo acelerou na quarta-feira (4), quando um grupo resolveu passar uma lista contra a possibilidade de reeleição na bancada, diante de movimentos de que Nascimento poderia tentar permanecer no cargo de olho numa vaga na Esplanada dos Ministérios. “Nada contra o Elmar, o nosso líder, mas precisamos de alternância”, disse o deputado Fabio Schiochet (SC).

O atual líder conseguiu se manter no cargo por anos com a expectativa de assumir a presidência da Câmara com apoio do atual presidente, Arthur Lira (PP-AL), mas foi preterido por Hugo Motta (Republicanos-PB). Fez então uma tentativa, malsucedida, de aliança com o PT, o que foi criticado pelo grupo oposicionista do União. Isolado, ele acabou desistindo.

Schiochet afirmou que a lista para impedir a reeleição tinha 24 assinaturas, mas parou de buscar apoios, quando Nascimento chamou uma reunião às pressas para dizer que não concorrerá a um novo mandato na liderança. Ele está na função há três anos, desde que DEM e PSL se fundiram e criaram o União. A sigla nunca teve outro líder na Câmara.

Já Nascimento minimizou o movimento e disse ao Valor que a lista contava com apenas seis deputados “que foram desautorizados pela bancada”. “Não sou candidato a continuar líder”, garantiu. O recado foi passado em reunião convocada às pressas na noite de quarta-feira, enquanto o plenário discutia o pacote fiscal do governo.

Segundo relatos, o encontro foi tenso, com acusações de traição de um lado e de abandono da bancada de outro. Parlamentares que já estavam no aeroporto foram convocados a voltar à Câmara para a discussão. Foi marcada uma reunião para o próximo dia 18, a dois dias do recesso parlamentar, para definir quem conduzirá o partido ao longo de 2025.

Com a instabilidade, a ala oposicionista, egressa principalmente do antigo DEM, aproveitou para tomar mais espaço e o partido se tornou uma dor de cabeça para o governo, apesar de possuir três ministérios (Integração, Comunicações e Turismo). Na terça-feira (3), a sigla decidiu não apoiar os requerimentos de urgência para o pacote fiscal.

“O partido não concorda com o conteúdo e forma desse ajuste”, disse o deputado Mendonça Filho, um dos candidatos a líder. “O governo retardou a divulgação das medidas, quer empurrar uma PEC [proposta de emenda constitucional] fora dos prazos regimentais, não cortou despesas na própria carne. O União não recebeu bem esse pacote”, reforçou.

Além do “conteúdo e forma” do pacote, a bancada decidiu se posicionar dessa maneira pela decisão do PT de não apoiar a candidatura do partido à presidência da Câmara e pela decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), de impor novas condições para a execução das emendas parlamentares ao Orçamento – o que, para o partido, teve o dedo do governo Lula.

Na quarta-feira, a insatisfação foi exposta na forma de votos: 44 deputados do União rejeitaram acelerar a tramitação do projeto de lei complementar do pacote fiscal e apenas nove votaram a favor da urgência. Entre os contrários estavam Nascimento, Mendonça e Marangoni. Já Pedro Lucas foi um dos nove favoráveis.

A urgência a esse projeto foi aprovada por apenas três votos — foram 260 a favor e 98 contra, sendo que era necessário o apoio de 257 deputados. Já o requerimento para levar direto ao plenário o projeto de lei do ajuste contou com um pouco mais, 267 votos a favor, números que ligaram um sinal de alerta para o Executivo. Para aprovar a PEC, por exemplo, será necessário o apoio de 308 dos 513 deputados, adesão bem distante da verificada na quarta-feira. As informações são do jornal Valor Econômico.

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