Mesmo tendo dado muitos votos para aprovar a medida provisória (MP) que reestruturou os ministérios, partidos que se dizem “independentes” e que são cortejados pelo governo avisaram ao Planalto que não iriam comparecer ao encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nessa segunda-feira (5). As informações são do blog da jornalista Ana Flor.
O recado levou ao cancelamento da agenda com líderes na Câmara dos Deputados. O Planalto anunciou que iria adiar o compromisso, alegando que às segundas-feiras há poucos parlamentares em Brasília.
De acordo com o blog, Republicanos e PP afirmaram que não iriam ao encontro. Nem mesmo o líder do PSB, partido da base, havia confirmado. Além de ter ministérios, o PSB é o partido do vice-presidente Geraldo Alckmin.
Cortejado pelo Planalto, o Republicanos tem integrantes negociando individualmente com o governo para apoio a projetos. Em troca, são negociados cargos nos Estados. Apesar disso, o presidente do Partido, Marcos Pereira, afirmou que a sigla não será base do governo.
“Continuaremos independentes até 31 de dezembro de 2026 – último dia do governo Lula”, afirmou Pereira.
O PP e o PL também têm deputados negociando individualmente com a área política do Planalto, mas os partidos dizem que são acordos individuais, que não comprometem a legenda.
Para aprovação da MP, Republicanos, PP e PL entregaram mais de 70 votos favoráveis.
Arthur Lira
O presidente Lula e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), se reuniram na manhã dessa segunda no Palácio da Alvorada, em Brasília. O encontro, que não constava na agenda oficial de ambos até 9h30, teve uma hora de duração – Lira chegou ao Alvorada por volta das 8h20 e deixou o local às 9h20.
Na última semana, o presidente da Câmara deu declarações públicas de que o governo precisa ajustar sua articulação política ou sofrerá revezes em votações no Congresso.
Esse foi o primeiro encontro presencial entre Lula e Lira desde a sequência de derrotas impostas pela Câmara ao Palácio do Planalto nas últimas semanas. Os dois chegaram a se falar por telefone, mas uma reunião presencial, que chegou a ser articulada, acabou não se confirmando.
A lista de derrotas incluiu alterações profundas na medida provisória que reestruturou a Esplanada dos Ministérios no início do ano. A versão aprovada pela Câmara desidratou os ministérios de Meio Ambiente e Povos Indígenas, entre outras mudanças.
Mesmo após todas essas alterações, o governo sofreu para conseguir aprovar a MP dentro do prazo limite. O texto foi confirmado pelo Congresso na última quinta (1º), horas antes de perder validade – o que forçaria o governo Lula a retomar o mapa ministerial do governo Jair Bolsonaro.