Quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 6 de abril de 2023
O peixe é, tradicionalmente, o prato principal de toda a semana, sobretudo na Sexta-Feira Santa — dia em que se celebra a morte de Jesus e se associa à dor —, evitando-se assim comer carne vermelha que, historicamente, esteve ligada a todo o tipo de banquetes
No entanto, durante o resto do ano, o peixe é um alimento magro e rico em nutrientes que é negligenciado por grande parte da população. Linguado, peixe-rei, sardinha, robalo, badejo, surubi, pacu, tainha…
No Brasil, segundo a Seafood Brasil, foi registrado um consumo de 10,5 kg de pescado per capita no ano de 2021, ou seja, mais 75 mil toneladas – a maior parte do consumo concentrado nas comunidades ribeirinhas, na região amazônica. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a recomendação é de 12 kg por habitante por ano.
Embora, a cada ano, seu consumo dispare, ainda segundo dados da FAO, na Argentina, por exemplo, são consumidos apenas entre cinco e sete quilos de pescado por pessoa anualmente, ou seja, 30% menos que em outros países latino-americanos.
“A recomendação da American Heart Association e da American Dietetic Association é consumir pelo menos duas vezes por semana entre 100 e 150 gramas por porção, ou seja, 300 gramas por semana”, afirma a nutricionista María Cláudia Sempé.
De acordo com a Harvard School of Public Health, “dada a ampla importância e benefícios dos ácidos graxos ômega-3 marinhos, é importante comer peixe, ou outro marisco, uma ou duas vezes por semana, particularmente peixes gordurosos (carne escura), que são mais ricos em EPA — ácido eicosapentaenóico — e DHA — ácido docosahexaenóico —”. Estes últimos têm propriedades anti-inflamatórias.
“Toda alimentação saudável tem que ser variada para garantir o maior aporte possível de diferentes nutrientes. Por isso, ao invés de aumentar o consumo de peixe na Páscoa, é aconselhável distribuir a sua ingestão em porções equilibradas ao longo do ano”, afirma a nutricionista Luciana Paduano.
A profissional destaca a maciez e a fácil digestão do peixe, pelo fato de ter menos colágeno do que outras carnes em sua composição.
Com uma costa extensa e rios que a atravessam, a Argentina produz 750 mil toneladas de produtos marinhos e 40 mil toneladas de origem continental, detalha um relatório do Ministério Nacional da Agricultura, Pecuária e Pescas. No Brasil, a FAO aponta que a produção total de pescado chega a cerca de 1,6 milhão de toneladas por ano. Do mar é possível encontrar merluza, linguado, peixe-rei, sardinha, robalo e badejo, enquanto do rio saem surubi, pacú e boga.
“O atum também é peixe fresco do mar, mas é difícil de conseguir e é caro”, diz Sempé.
Existem semelhanças e diferenças nutricionais entre as variedades que vêm do mar e as do rio.
“A composição nutricional entre peixes de rio e de mar é muito semelhante em termos de macro e micronutrientes, como proteínas, vitaminas e minerais. Por isso, quando se trata de promover o equilíbrio nutricional do corpo e estilos de vida saudáveis, recomenda-se o consumo de ambas as carnes”, observa Paduano.
A nutricionista, porém, faz uma ressalva:
“Os peixes marinhos desenvolvem maior concentração de ômega 3, como é o caso do atum, da cavala e do salmão”, indica.
Este último, criado em tanques em que vive num estado de sobrelotação, em um ambiente poluído que o torna propenso a adoecer, recebe antibióticos ao longo da vida e, por isso, não é tão saudável como se costuma pensar.
Em relação ao atum, é um dos peixes mais consumidos graças à sua versão processada, enlatada, em óleo ou natural, além da sua versão fresca.
A nutricionista sustenta que o teor de cálcio e potássio presentes no atum fresco é reduzido nas versões enlatadas e que, além disso, aumentam a ingestão de sódio devido aos aditivos que contêm.
1) Qual o motivo da falta de hábito de comer peixe regularmente?
Segundo Luciana Paduano, incide o desconhecimento de como prepará-lo e quais os alimentos que o complementam; a falta de informação sobre as variedades existentes no mercado; e a associação da alimentação apenas ao prazer e não com os nutrientes que o corpo necessita.
Os benefícios de todos os pescados estão fora de questão: proteína de muito boa qualidade, além de fornecer nutrientes essenciais.
“Entre eles, estão os ácidos graxos com ômega 3, a vitamina D, B12 e os minerais, como fósforo e selênio. Esses nutrientes previnem doenças e favorecem uma alimentação completa”, afirma Claudia Sempé.
Devido ao alto teor de vitamina D que contribui para a absorção do cálcio, prevenindo a osteoporose, é recomendado para mulheres na pós-menopausa.
No caso do ômega 3, trata-se de um ácido graxo fundamental para o funcionamento do cérebro, do sistema nervoso e do coração. Além disso, favorece a concentração.