Sábado, 16 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 6 de setembro de 2024
Uma mulher de 41 anos relatou ter sido agredida com um soco no pescoço por um motorista de carro de aplicativo após um desentendimento por erro no endereço de desembarque de uma viagem em Florianópolis (SC). A Polícia Civil investiga o caso.
A Uber, empresa responsável pela corrida, disse em nota que lamenta o caso e considera inaceitável o uso de violência. O comunicado não informou, no entanto, qual procedimento será tomado em relação ao condutor envolvido.
Segundo a passageira Daiane Endres, além da agressão, ela também ouviu do condutor ofensas transfóbicas, mesmo sendo mulher cisgênero, e só não foi atingida no rosto por ser mais alta que ele.
“O braço não alcançou no meu rosto. Mas ele deu um ‘socão’ no meu pescoço que, na hora, eu tonteei. Fiquei sem reação. Fui um pouquinho pra trás, e já começou a sair sangue da minha boca”, relata.
O delegado Marcio Fortkamp informou que o caso é apurado mediante termo circunstanciado, e a vítima e o suspeito serão ouvidos em declarações. “O procedimento será remetido ao Juízo Especial Criminal e então ocorrerá agendamento para audiência”, informou.
Relato
Daiane conta que o desentendimento começou após o aplicativo jogar como destino final da corrida um endereço a cerca de 300 metros da clínica onde ela precisava chegar, no sábado (31).
Segundo a passageira, ela pediu para o motorista seguir um pouco mais a frente, que pagaria a diferença, mas ele negou e disse que “é aqui que você vai descer”. Ela disse que o condutor pediu para pagar a corrida e sair do carro.
“E falei: ‘se não vai me deixar no lugar que eu quero, eu não pago a corrida. Pode jogar para a próxima e depois vou reportar para a Uber, resolver com eles essa corrida’. Aí ele: ‘Como é que é? Não vai pagar? Vai pagar sim'”.
Os ataques transfóbicos, que evoluíram para agressão física, aconteceram a partir desse momento, segundo ela. “Ele disse: ‘é isso que dá esses travestis desgraçados, têm que morrer tudo'”.
“Ele abriu a porta do carro dele, a porta de trás, grosseiramente, e falou ‘sai do meu carro’. Eu saí e fiquei olhando para ele. Disse que estava tudo bem, ‘só não encosta em mim’. Ele ficou olhando e eu: ‘ah, vai me bater agora?”.
Em seguida, relata, levou um soco. “Ele fechou a mão com tudo. Só não pegou no meu rosto porque eu tenho 1,85 e ele tem [aproximadamente] um 1,65”, disse.
Ela ainda relatou que tentou gravar com o celular, mas por estar nervosa, conseguiu apenas fotos desfocadas. Enquanto ela tentava registrar, conta que foi ameaçada mais uma vez. “Quando peguei o celular para filmá-lo, ele falou assim: ‘quer apanhar mais? Seu travesti desgraçado'”.
Ela diz que saiu correndo depois disso, se escondeu e chamou a Polícia Militar, que registrou um boletim de ocorrência.
Suporte
Conforme a passageira, a Uber ligou para a cliente logo após o acidente e disse que daria suporte a ela. Daiane diz que não houve mais contato e, até a manhã dessa sexta-feira (6), estava com a conta bloqueada no aplicativo. Durante a tarde, no entanto, a plataforma voltou a funcionar.
Uber
O que diz a Uber: “A Uber lamenta o caso e considera inaceitável o uso de violência. Esperamos que motoristas parceiros e usuários não se envolvam em brigas e discussões e que contatem imediatamente as autoridades policiais sempre que se sentirem ameaçados. A empresa esclarece que todas as viagens na plataforma são cobertas por um seguro e está à disposição das autoridades competentes para colaborar, nos termos da lei.” As informações são do portal de notícias G1.