Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 10 de junho de 2024
Com menos voos e destinos, viajar em julho para cinco grandes capitais custará muito mais que os valores pagos no ano passado no Salgado Filho
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência BrasilAs enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul transformaram o transporte aéreo em um verdadeiro desafio logístico e financeiro para os gaúchos e a todos que precisam ir à região de Porto Alegre. Sem o aeroporto Salgado Filho – fechado sem data para reabertura, o preço das passagens disponíveis disparou.
A abertura da Base Aérea de Canoas para os voos comerciais foi um alívio para os moradores da Região Metropolitana de Porto Alegre, que voltaram a ter ligação aérea com o restante do Brasil e do mundo. Estar conectado, porém, não significa que é possível pagar.
Aos porto-alegrenses, viajar nas férias em julho para cinco das principais capitais brasileiras custará pelo menos o dobro da tarifa média de 2023. Para o Rio de Janeiro, os bilhetes disponíveis custam quase quatro vezes mais que o valor pago no ano passado.
Em julho de 2023, a tarifa média entre Porto Alegre e o Rio de Janeiro (Santos-Dumont ou Tom Jobim) ficou em R$ 476,05 por trecho. O dado é da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), e já está atualizado pela inflação do período.
Uma pesquisa nas três companhias aéreas domésticas que operam em Canoas (Azul, Gol e Latam) mostra que o mesmo trecho custa, agora, R$ 1.828,50 por trecho. A pesquisa usou como datas de referência ida na segunda-feira, 22 de julho, e retorno uma semana depois, em 29 do mesmo mês.
Na comparação com a tarifa média do ano passado, o aumento para o Rio de Janeiro é de 284%. Variações semelhantes são vistas em outros destinos. São Paulo está 233% mais caro: R$ 1.503 o trecho em 2024 contra R$ 451 no ano passado. Canoas a Brasília tem aumento de 213%, Fortaleza está 103% mais caro e Salvador, 95%.
Mesmo fora da alta temporada das férias de julho, o aumento também é expressivo. Para a última semana de agosto, os preços disponíveis para as cinco capitais também subiu: de 53% para Salvador a 108% para o Rio.
Executivos do setor aéreo reconhecem que os preços elevados são resultado de uma operação excepcional. Com capacidade limitada, o número de voos e destinos disponíveis despencou. Os preços, por sua vez, dispararam.
Em 2023, o aeroporto de Porto Alegre operava média de 550 voos semanais. Hoje, a Base Aérea de Canoas pode operar apenas 35 voos por semana – uma redução de 93%. Há promessa de aumento da 84 voos semanais, mas ainda não há novidade sobre isso.
Antes da tragédia climática, o Salgado Filho tinha uma 21 destinos domésticos, com voos diretos para Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Curitiba, Florianópolis, Foz do Iguaçu, Joinville, Navegantes, Recife, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro e São Paulo (Congonhas e Guarulhos). Havia, ainda, nove destinos regionais entre cidades gaúchas.
Porto Alegre também tinha quatro destinos internacionais: Cidade do Panamá, Lima, Lisboa e Santiago. Agora, os voos de Canoas vão apenas para São Paulo e são intercalados os terminais de Congonhas e Guarulhos, ambos na região metropolitana, ou Campinas, a cerca de 100 km da capital paulista.
Com menos voos e destinos, viajar de e para Canoas fica mais caro e complexo – já que passa a exigir mais conexões. Executivos do setor dizem que os preços só vão voltar a um patamar considerado “mais normal” só com a volta à operação normal em Porto Alegre e consequente aumento da oferta.
Preços são dinâmicos
Procurada, a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) cita em nota que está “comprometida com a oferta de voos para o estado”. “A Abear reitera que os preços das passagens aéreas são dinâmicos em praticamente todo o mundo e influenciados por fatores como a taxa de ocupação do voo, a demanda por aquele trecho, a data da compra em relação à viagem, época do ano (sazonalidade), entre outros”, cita o texto.
Diante do cenário de oferta restrita, a Abear lembra que as companhias aéreas “estão ampliando a oferta de voos para outras bases já operadas no estado e em Santa Catarina, atentas aos custos operacionais (combustível, manutenção, aluguel de aeronaves, tripulação, entre outros)”.
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