O STF (Supremo Tribunal Federal) deve apreciar depois do carnaval um habeas corpus da defesa de Paulo Maluf pedindo que ele seja libertado. Uma das possibilidades é a prisão domiciliar. Aos 86 anos, Maluf já emagreceu 10 kg. Sem tintura, seus cabelos ficaram brancos. A barba está crescendo, já que ele não consegue usar as lâminas da prisão. Maluf caminha de muletas e é ajudado por um interno que é médico e fica em sua cela, na ala dos idosos da Papuda.
Até hoje ele não permitiu que familiares o visitassem. Maluf não quer que eles passem pela revista íntima. O único que vai na Papuda é o assessor Jesse Ribeiro, que leva frutas e R$ 100 que o Maluf pode gastar na prisão semanalmente. O ex-prefeito recebe também a equipe do advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.
Câmara
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que vai dar seguimento à determinação do STF de cassar o mandato do deputado Paulo Maluf (PP-SP), preso desde dezembro do ano passado. Maia afirmou, no entanto, que paralelamente a isso levará ao Supremo um questionamento para que a corte defina se esse tipo de caso tem de ter o aval do plenário da Casa ou pode ser definido pela Mesa Diretora, que é formada por apenas 7 dos 513 deputados.
Desde que foi preso, Maluf teve benefícios de parlamentar cortados. A Câmara pediu, inclusive, para que ele devolvesse o apartamento funcional onde morava. Em maio, o deputado do PP foi condenado pela primeira turma do STF a sete anos, nove meses e dez dias de prisão em regime fechado por crimes de lavagem de dinheiro.
Em dezembro, o ministro Edson Fachin determinou que o deputado começasse a cumprir pena em regime fechado. Ele se entregou à Polícia Federal no dia 20 de dezembro. Atualmente, 3 dos 513 deputados estão cumprindo prisão: além de Maluf, Celso Jacob (MDB-RJ) e João Rodrigues (SD-SC). Maia já havia dado declarações sobre o assunto, dizendo ser a favor de que a decisão de cassação tenha de passar pelo plenário da Câmara.
Condenação
Em maio de 2017, o deputado federal foi condenado pela Primeira Turma do STF pelo crime de lavagem de dinheiro. Na ocasião, o Supremo ainda determinou a perda do mandato do parlamentar e o pagamento de uma multa de mais de R$ 1,3 milhão.
Os cinco ministros (Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux e Marco Aurélio Mello) votaram pela condenação do deputado. Edson Fachin pertence à Segunda Turma, mas participou do julgamento na Primeira Turma porque era o relator do caso. Maluf se entregou e foi preso em dezembro do ano passado.
Maluf foi acusado pelo Ministério Público Federal de usar contas no exterior para lavar dinheiro desviado da prefeitura de São Paulo quando foi prefeito da capital, entre 1993 e 1996. De acordo com a denúncia, uma das fontes do dinheiro desviado ao exterior por Maluf seria da obra de construção da avenida Água Espraiada, atual avenida Jornalista Roberto Marinho.