Proposta de emenda apresentada no Senado criminaliza críticas a políticos de má reputação e bajula os membros do Supremo Tribunal Federal (STF) atribuindo-lhes a competência para julgar “crimes contra o Estado Democrático de Direito”. Com a PEC da Mordaça, esses políticos querem circular sem o risco de serem xingados por cidadãos indignados, tornando crime, por exemplo, quem os chame de “ladrão”, por exemplo, ainda que o sejam. E ainda que respondam graves denúncias na Justiça.
PEC os enrolados
De autoria do notório Renan Calheiros (MDB-AL), a PEC teve a adesão de 33 senadores, quase todos enrolados em denúncias de ladroagem.
Mão lava a outra
A proposta afaga ministros do STF, sempre bonzinhos com políticos de reputação em chamas, dias depois de serem hostilizados em Nova York.
Apenas intimidação
A proposta marota inventa o “crime de intolerância política”, com pena de prisão e multa, para intimidar o exercício da liberdade de expressão.
Mordaça no povo
Se for chamado de “ladrão”, o político ou autoridade poderia alegar que foi “hostilizado” e, com isso, obter a prisão do xingador.
Golpe é fantasia de radicais de direita e esquerda
Fica cada vez mais claro que a ideia de “golpe” não passa de fantasia de extremistas de esquerda e de direita, ainda que milhões de brasileiros tenham saído às ruas inconformados com a vitória de quem consideram um ladrão para governar o País. Muitos foram à porta de quartéis menos por desejarem intervenção militar e mais pela perda de confiança na isenção de tribunais como STF e STJ. Coube ao vice e senador eleito Hamilton Mourão (Rep-RS), nesta sexta (2), jogar água na fervura.
Intervenção descartada
O general Hamilton Mourão descartou qualquer possibilidade de uma ação militar contra o governo eleito.
Nada há a fazer
Ainda que também insatisfeito com o resultado da eleição presidencial, assim como 58 milhões de eleitores, Mourão avisa que nada há a fazer.
É preciso cumprir a lei
Ele afirmou ao jornal gaúcho Gazeta do Sul que Lula foi eleito e precisa tomar posse, como prevê a Lei. Sua visão é predominante na caserna.
Troca-troca
Na costura entre Arthur Lira, querendo a reeleição como presidente da Câmara, e o PT, querendo aprovação da PEC fura-teto, o presidente da Câmara tem dito que não vai alterar o texto da PEC na Câmara. Vota como chegar do Senado. Do contrário, volta tudo à estaca zero.
Saidinha
Pergunta da senadora eleita Damares Alves (Rep-DF) nas redes sociais: “Será que o presidente eleito está esperando a saidinha de Natal para terminar de compor a equipe de transição e escolher seus ministros?”
Canta, Tite
Além da derrota vexatória, Tite deveria explicar sua dificuldade de cantar o Hino Nacional, como seu viu ontem antes do jogo contra Camarões. Ao contrário dos jogadores, ele se recusou a cantar o hino do próprio país.
Dispersão
Aos poucos se dispersam as concentrações diante de quartéis, não por temerem ameaças do STF e do TSE, mas porque já não sabem o que esperar. Intervenção militar, como alguns pedem, não haverá.
Chacota
Virou piada, até pelo ineditismo, o abaixo-assinado que circulou no PSB querendo Márcio França ministro. Sem unanimidade no partido e a sigla sem essa força toda no futuro governo, o documento é natimorto.
Pode esquecer
Obviedade de Paulo Pimenta, do grupo de Infraestrutura da transição, “descarta” os planos de privatização dos Correios e da Petrobras no governo Lula. Diz que até o processo da Eletrobras será “rediscutido”.
Rima com caju
Após afirmar que Lula “tem que governar”, e depois chamar o petista de “negacionista econômico”, o vice-presidente Hamilton Mourão virou assunto do dia no Twitter, mas atrelado a um xingamento nada educado.
Questão ‘suprapartidária’
É de autoria do deputado do PT de São Paulo Carlos Zaratini o projeto de lei que está agora no Senado para legalizar o lobby no Brasil. Tem senador doido para apressar o trâmite antes do final do atual governo.
Pensando bem…
…nada como uma derrota do Brasil para a Esplanada voltar a ganhar atenção.
PODER SEM PUDOR
Relações impróprias
O ex-presidente do PT José Genoíno, que ficou carrancudo após sua prisão no Mensalão, era um político bem-humorado, sempre disposto a encontrar motivos de riso até em assuntos mais delicados. Quando o mundo se escandalizava com o romance do presidente americano com a estagiária Mônica Lewinski, e Bill Clinton admitia que manteve com ela “relações impróprias”, Genoíno saiu-se com esta: “Hillary (Clinton) deve ter lá também as suas relações impróprias, do contrário não conseguiria manter aquele sorriso no rosto…”
(Com a colaboração de Rodrigo Vilela e Tiago Vasconcelos)