Segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 22 de junho de 2017
O alvo é a JBS, mas o pedido de bloqueio de bens da JBS feito pela AGU (Advocacia-Geral da União) pôs em alerta os funcionários do BNDES.
Trinta e nove servidores são investigados pelo TCU (Tribunal de Contas da União) por participar das operações de investimento do banco na empresa.
Eles poderiam ter seus bens também bloqueados, a reboque de uma eventual decisão do TCU contrária à JBS.
Segundo fonte próxima aos funcionários, em contato informal, a AGU indicou que o alvo da ação não são os servidores. Mas preocupou o tom do pedido entregue nesta quarta-feira (21) ao TCU.
No pedido de bloqueio de bens, a AGU solicita sanção aos “responsáveis identificados nesse procedimento de apuração”, referindo-se a um acórdão do TCU de 2015. O documento lista todas as operações entre o BNDESPar e a JBS de 2007 a 2011 e investiga o suposto envolvimento de funcionários do banco.
Esse acórdão fundamentou as investigações da Polícia Federal que desaguou na Operação Bullish, deflagrada em maio e que levou mais de 30 servidores do banco a depor em condução coercitiva.
A operação foi o estopim para um movimento de insatisfação interna que paralisou as atividades do BNDES e foi um dos motivos para a saída da ex-presidente Maria Silvia Bastos Marques.
Em nota divulgada nesta quarta, a associação de funcionários do banco critica o pedido da AGU e afirma que tanto o BNDES quanto os funcionários “já comprovaram tecnicamente que não houve dano ao erário, irregularidade ou favorecimento”.
“Deve ficar claro que qualquer suspeição levantada até o momento decorre de iniciativas praticadas por empresários e agentes públicos que não integram o BNDES.”
O pedido da AGU
A AGU (Advocacia-Geral da União) ingressou com pedido nesta quarta-feira (21) no TCU (Tribunal de Contas da União) de bloqueio imediato dos bens do grupo JBS e de seus responsáveis, os irmãos Joesley e Wesley Batista.
A iniciativa tem como objetivo evitar que o grupo empresarial se desfaça de seu patrimônio no país antes do término de apuração do tribunal de contas sobre eventuais prejuízos que ele tenha causado ao BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).
A suspeita, investigada no rastro da Operação Bullish deflagrada em maio pela Polícia Federal, é de que houve irregularidades na maneira como o banco público aprovou investimentos de R$ 8,1 bilhões na expansão da JBS, maior processadora de carne do mundo.
O cálculo é de que a operação tenha causado um prejuízo de cerca de R$ 850 milhões. Em nota, a AGU informou que tomou a decisão “depois de serem divulgadas notícias de que o grupo estaria em “avançado processo de desfazimento de bens no país”.
A iniciativa é mais um episódio do confronto travado entre o presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista. Em delação premiada, na qual gravou conversa com o peemedebista, o executivo acusou o peemedebista de ter dado autorização para comprar o silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ). (Folhapress)