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Brasil Pedidos de demissão no País batem recorde e já são quase 38% do total de dispensas

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Em 2020, essa taxa foi de 24% e vem subindo desde então. (Foto: Gabriel Bandeira/PMPA)

Pedidos de demissão em alta; apagão de mão de obra em setores que exigem trabalho braçal e longas jornadas — incluindo noites e fins de semana —, da construção civil aos restaurantes; uma onda de desprezo ao emprego formal e críticas nas redes sociais a expedientes prolongados, horários inflexíveis, chefes tóxicos e escalas 6×1, com uma só folga semanal; e uma explosão no número de microempreendedores individuais (MEIs).

Esses são sinais, segundo especialistas, de que o brasileiro está mudando sua relação com o trabalho. E um indicador retrata bem isso: nunca tantos empregados formais pediram demissão no Brasil.

Estudo do economista Bruno Imaizumi, da LCA 4intelligence com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mostrou que 37,9% dos desligamentos em janeiro deste ano foram a pedido do trabalhador.

Em 2020, essa taxa foi de 24% e vem subindo desde então. Em 2013 e 2014, quando o Brasil experimentou taxas de desemprego tão baixas quanto as atuais, essa parcela oscilou entre 29% e 30%.

O trabalho da LCA traça um perfil desses trabalhadores: são mais jovens, mulheres e comerciários. Em tempos de economia aquecida, é mais fácil trocar um emprego pelo outro e a rotatividade aumenta, mas desta vez a proporção dos que pediram as contas atingiu um patamar inédito. Muitos estão deixando de vez a carteira de trabalho em busca de flexibilidade e de uma chance de ganhar mais.

Escolaridade alta

Segundo Imaizumi, o percentual de demissões a pedido em relação ao total de dispensas chega 45% entre profissionais com ensino superior incompleto ou completo; 42% entre pessoas de 17 a 24 anos e 40% entre mulheres e trabalhadores do comércio, onde predominam a escala 6×1 e salários baixos.

Os principais motivos para pedir para sair ainda são nova vaga em vista e salário baixo, mas esses trabalhadores citam novos fatores, como saúde mental, problemas éticos nas empresas e falta de flexibilidade na carga horária.

“Estão entrando na conta qualidade de vida, tempo de deslocamento, trabalho remoto e híbrido. E, de 2020 para cá, ficou muito mais fácil abrir empresa, por isso, há crescimento também de MEIs. Empregos que exigem presença física, como indústria e construção civil, perdem. Tem a questão do e-commerce, da digitalização. Com a taxa de desemprego baixa, com esses níveis de demissão em patamares elevados, as empresas terão de se adequar às novas relações de trabalho, repensar bastante como manter esses funcionários”, analisa Imaizumi.

Pragmatismo prevalece

Tiago Magaldi, professor do Departamento de Sociologia e do Núcleo de Estudos de Trabalho e Sociedade da UFRJ, coautor de um estudo sobre trabalhadores de plataformas digitais, diz que trocar a carteira assinada por atividades por conta própria como motorista ou entregador de aplicativo é uma decisão pragmática. Ele chegou à conclusão após ouvir trabalhadores para a pesquisa realizada com Christian Azaïs, Mireille Razafindrakoto e François Roubaud.

“Uma das grandes mudanças no mercado de trabalho é a derrocada da CLT. Não sua perspectiva objetiva, de proteção ao trabalhador, mas na expectativa de inclusão, de futuro. Esse horizonte está se esfarelando ultimamente. Os empregos formais que esses trabalhadores de menor qualificação têm acesso são muito ruins. O salário mínimo é quase o máximo. Eles ganham mais em troca de aceitar não ter vínculo trabalhista. Não são idiotas manipulados, só fazem um leitura pragmática da situação.”

O sociólogo lembra de um entregador que entrevistou na frente de um supermercado:

“Ele me disse: ‘ganho muito mais que aquela caixa de supermercado ali com carteira assinada’. E mostrou o saldo de R$ 4 mil. Ele não vê horizonte no trabalho regulado e tem um pouco mais de margem de manobra na jornada.” (As informações são do portal O Globo)

 

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