Ícone do site Jornal O Sul

Pedidos de refúgio de venezuelanos no Brasil quadriplicam

Em Pacaraima (RR), escritórios de "assessoria previdenciária" cobram até R$ 7 mil de imigrantes. (Foto: Graziele Bezerra/Agência Brasil )

O número de pedidos de refúgio de venezuelanos no Brasil mais que quadruplicou nos últimos dois anos. De acordo com dados do Ministério da Justiça, em 2015, foram 829 pedidos e, este ano, até o mês de maio, foram registradas 3.971 solicitações. Nesta terça (20) é lembrado o Dia Mundial do Refugiado.

O refúgio é uma proteção legal que o Brasil oferece a cidadãos que estejam sofrendo perseguição no próprio país por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas. Também pode ser solicitado a quem esteja sujeito a graves violações de direitos humanos. Segundo dados do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), o número de refugiados e de pedidos de refúgio no país em 2016 aumentaram. No ano passado, foram registrados 9.689 refugiados no Brasil. Em 2015, 8.863. Já o total de pedidos de refúgio passou de 28.670, em 2015, para 35.464, em 2016.

Os dados mostram que o número de refugiados no país subiu 9,3%, em 2016, e o de pedidos de refúgio cresceu 23,6% em comparação a 2015.

Abrigado no Centro de Referência ao Imigrante em Boa Vista, o venezuelano Bruno Florian solicitou refúgio. Ele atuava como assessor de um organismo estudantil na Venezuela.

“Estou procurando refúgio porque eu não posso voltar à Venezuela pelo simples fato de não compartilhar, não me agradar a forma com que o nosso governo está deixando morrer pessoas jovens como você e eu.”

O professor de Relações Internacionais da Universidade Federal de Roraima, Gustavo Simões, ressalta que há um grande número de pedidos de refúgio pela facilidade que a solicitação traz. “O pedido de refúgio, em primeiro lugar, é gratuito. É uma maneira fácil, razoavelmente rápida de se regularizar migratoriamente no Brasil e sem custo nenhum.”

A maioria dos venezuelanos ingressa no Brasil por Roraima. A estimativa do governo estadual é de que, desde o agravamento da crise político-econômica no país vizinho, 30 mil venezuelanos ingressaram no estado. O governo também revela que de outubro de 2016 até junho deste ano, 3.039 pessoas foram recebidas nos centros de atendimento ao migrante localizados em Boa Vista, Pacaraima e também em atendimentos móveis.

Ontem (19), o Acnur informou que em 2016 cerca de 65,6 milhões de pessoas foram forçadas a se deslocar em todo o mundo. O número é o maior já registrado no mundo.

De acordo com o relatório, do total forçado a se deslocar, 10,3 milhões de pessoas são novas e cerca de dois terços (6,9 milhões) delas se deslocaram dentro de seus próprios países. As crianças representam a metade do número total dos refugiados de todo o mundo. Conflitos políticos, guerras e perseguições são as principais causas dos deslocamentos.

Segundo o relatório, também aumentou o número de refugiados, alcançando a marca de 22,5 milhões de pessoas. Desse total, 17,2 milhões estão sob a responsabilidade do Acnur, e o restante é formado por refugiados palestinos. O conflito na Síria mantém o país como o local de origem do maior número de refugiados (5,5 milhões).

Segundo o Acnur, se não for levada em conta a situação de refugiados palestinos, os afegãos continuam sendo a segunda maior população de refugiados (4,7 milhões) no mundo, seguidos pelos iraquianos (4,2 milhões).

Sair da versão mobile