Pela primeira vez desde o início da série histórica da pesquisa Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) Contínua, iniciada em 2012, o número de lares brasileiros chefiados por homens caiu em 2016. O grupo formado por essas famílias encolheu em 1 milhão em relação ao ano anterior.
De acordo com os dados divulgados agora pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), dos 69,2 milhões de lares brasileiros no ano passado, ao menos 40,5 milhões são comandados por homens, o que representa uma queda de 2,3% em relação ao 2015, quando pessoas do sexo masculino comandavam 41,5 milhões de lares.
Já os lares chefiados por mulheres vêm crescendo. No ano passado, esse segmento chegou a 28,6 milhões de domicílios, o que implica uma alta de 9,25% em relação ao ano anterior, quando totalizava 26,2 milhões de famílias. Em relação a 2012, a expansão foi ainda maior, de 14% em relação ao ano inicial da pesquisa, 2012, quando somavam 23,2 milhões.
Na avaliação da gerente da Pnad, Maria Lucia Vieira, o aumento dos lares chefiados por mulheres está ligado a fatores socieconômicos como a maior presença feminina no mercado de trabalho. Ela destaca, ainda, o processo popularmente conhecido como “empoderamento feminino”:
“Hoje, quando se questiona quem é o responsável pela casa, a mulher cada vez mais assume esse papel e se enxerga como a responsável, mesmo que não pague a maior parte das contas ou não trabalhe. Dessa forma, há essa questão do dito ‘empoderamento feminino’, além, é claro, do fato de que as mulheres estejam trabalhando mais [em atividades remuneradas, e não só em atividades domésticas]”, ressalta Maria Lucia.
Procedimento
Ao fazer a visita, o entrevistador pergunta quem é o responsável pelo domicílio mas não estabelece um critério específico para a resposta, o que dá margem a diferentes manifestações por parte do cidadão consultado. Em uma pesquisa realizada em 2012, os técnicos do IBGE observaram que, de um modo geral, as pessoas respondem ao questionário levando em consideração critérios financeiros (tais como o fato de pagar a maior parte das contas e ser proprietário do imóvel, por exemplo), mas esses não são padrões fixos e exatos.
Proporcionalmente, ao menos 41% dos lares passaram a ser chefiados por mulheres em 2016, ao passo que no ano anterior esse índice ficou em torno de 38%. Já no que se refere às famílias comandadas por homens, a proporção em relação ao total de lares brasileiros caiu de 61% em 2015 para 58% em 2016.
Com uma periodicidade variável, o Pnad tem por objetivo obter informações anuais sobre características demográficas e socioeconômicas da população, como sexo, idade, educação, trabalho e rendimento, além de características dos domicílios. Os levantamentos também podem incluir informações sobre migração, fecundidade e nupcialidade, dentre outras, tendo como unidade de coleta os lares de todo o País, por amostragem. Temas específicos abrangendo outros aspectos também são investigados.