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Pelo 14º ano seguido, Brasil é o país com mais assassinatos de transexuais e travestis no mundo

O perfil das vítimas no Brasil é o mesmo dos outros anos: mulheres trans e travestis negras e pobres. (Foto: Banco de Dados)

Pelo 14º ano consecutivo, o Brasil é o país com mais mortes violentas de transexuais e travestis no mundo. Segundo o Dossiê Assassinatos e Violências Contra Travestis e Transexuais Brasileiras, da Associação Nacional de Travestis e Transexuais, México e Estados Unidos aparecem em segundo e terceiro lugares, respectivamente.

Em 2022, 131 pessoas trans e travestis foram assassinadas no Brasil. Outras 20 tiraram a própria vida em virtude de discriminação e do preconceito. Os dados foram divulgados na quinta-feira (26) durante um evento no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

Entre os assassinatos em 2022, 130 referem-se a mulheres trans e travestis e uma a homem trans. A pessoa mais jovem assassinada tinha apenas 15 anos. Quase 90% das vítimas tinham de 15 a 40 anos.

Para o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, os dados são uma “tragédia”, mas representam a oportunidade de mudança da realidade em que vivem atualmente pessoas transexuais e travestis.

Segundo o levantamento, foram identificados 32 suspeitos entre os 131 assassinatos no ano passado. O dossiê indica que a maior parte dos suspeitos não costuma ter relação direta, social ou afetiva com a vítima. Além disso, “práticas policiais e judiciais ainda se caracterizam pela falta de rigor na investigação, identificação e prisão dos suspeitos”.

O documento apontou ainda que 61% dos assassinatos ocorreram durante o primeiro semestre de 2022. Em números absolutos, Pernambuco foi o Estado que mais registrou esses crimes, com 13 casos, seguido por São Paulo (11), Ceará (11), Minas Gerais (9), Rio de Janeiro (8) e Amazonas (8).

O perfil das vítimas no Brasil é o mesmo dos outros anos: mulheres trans e travestis negras e pobres. A prostituição é a fonte de renda mais frequente. Entre as vítimas, 76% eram negras e 24% brancas. O levantamento revelou que mulheres trans e travestis têm até 38 vezes mais chance de serem assassinadas em relação aos homens trans e às pessoas não-binárias.

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